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Selos nunca perderam valor no mercado dos coleccionadores

Quem colecciona gosta de se afastar do selo como investidor. Mas consegue ter um activo em valorização

Selos nunca perderam valor no mercado dos coleccionadores
05 de Outubro de 2010 às 07:00
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Reeditado primeiro selo da República
A Exposição Mundial de Filatelia 2010 está a decorrer, até dia 10 de
Outubro, na FIL, com entrada gratuita. Na inauguração, na passada
sexta-feira, o Presidente da República deu início à circulação da reedição
do primeiro selo da República, o "Ceres". Na exposição poderá ser visto
o primeiro selo português, o D. Maria II, mas mais do que isso estará
exposta a carta de D. Fernando com as instruções para o desenho do
selo D. Maria II. Esta peça está nas mãos de um coleccionador italiano,
que a comprou em 1994 por 30 mil contos. Estará ainda exposto o
primeiro selo do mundo, datado de 1840, pertencente à colecção Real
de Inglaterra. É uma das colecções que compõem a Corte de Honra
(expositores por convite). No total são quatro colecções que compõem
a Corte de Honra. A da Rainha de Inglaterra, a do Príncipe do Mónaco,
a do egípcio Samir Fikry e a de David Franco. "São peças únicas",
diz Raul Moreira. A exposição terá, no total, 600 colecções,
de mais de 70 países
Gostam pouco de ouvir falar da Afinsa ou do Fórum Filatélico. Essas casas de investimento deram má fama aos selos. Quatro anos depois, o mercado recuperou do choque e a filatélia até se tornou moda, diz Raúl Moreira, director de filatelia dos CTT.

"Os filatelistas nunca investiram nessas casas", diz Pedro Vaz Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Filatelia, que deixa um pedido: "não falemos em selos. Filatelia são peças postais".

"O caso da Afinsa afectou quem utilizava os selos como um investimento alternativo e não os coleccionadores", diz o director dos CTT, garantindo que, no entanto, mesmo com esses episódios o selo clássico "nunca baixou a cotação". Pelo contrário. O impacto foi no selo moderno, cujo valor, segundo Paulo Dias, da casa leiloeira P. Dias, "voltou ao preço que deveria ter tido sempre".

Os selos modernos são, por norma, a porta de entrada na filatelia. E há muita gente a iniciar colecções. Em Portugal, há cerca de 700 coleccionadores e mais de 40 mil filatelistas. "Começa-se aos bocadinhos". Primeiro com o que está à venda nos CTT e aos poucos começam-se a fazer colecções, "com o dinheiro que tivermos", assegura o presidente da Federação, que tem uma explicação para o facto de as grandes fortunas portuguesas não coleccionarem peças postais: "A filatelia é muito técnica". Sem as grandes fortunas no mercado, poucos portugueses conseguem fazer colecções de selos clássicos. "Não há capacidade". Por isso, uma das peças mais valiosas portuguesas está em mãos italianas. É a carta de D. Fernando com o esboço do que viria a ser o primeiro selo português, o D. Maria II.

Outra das peças da história postal portuguesa mais valiosa é um par único novo 100 réis D. Maria II. Custou, em 1995, cerca de 30 mil contos (150 mil euros) ao comprador - Albertino de Figueiredo, fundador da Afinsa, também ele um coleccionador. Hoje é peça para valer mais de 250 mil euros. Está na colecção arrestada pelo Tribunal. A colecção da Afinsa não vale muito, no entender dos especialistas, mas a colecção p
Colecções "caseiras" têm pouco valor
Haverá muitos portugueses a guardar uma preciosa "colecção" de selos em casa. E a dúvida está sempre no ar - valerão esses selos alguma coisa? A resposta mais comum é: não. Todas as semanas chegam à Federação Portuguesa de Filatelia ou à casa leiloeira P. Dias pessoas com selos. Estavam em casa guardados. A esperança é que rendam algum dinheiro. Quase ninguém tem essa sorte. Paulo Dias confessa que olha sempre para os selos por consideração, mas a maior parte das vezes as pessoas saem "com um desespero enorme". Selos raros, nunca apareceram. Um ou outro classifica-os como interessantes e conseguiu-os vender. Pedro Vaz Pereira, presidente da Federação, conta apenas um caso em que no rebuliço de um saco de plástico estava um par de selos D. Pedro de cinco réis circulado. Rendeu 650 contos.

essoal de Albertino de Figueiredo está a ser seguida com atenção pelos coleccionadores. Espera-se que o tribunal decida colocá-la à venda em leilão.

Paulo Dias espera conseguir participar. Como revela "há muitas espingardas apontadas a essa colecção".

A avaliação dos selos não é coisa simples. Como em qualquer mercado, são a oferta e a procura que ditam os valores. Mas todos são unânimes em considerar que a raridade da peça é o principal elemento da valorização. Não é por acaso que é considerado o mais valioso um selo sueco, da primeira emissão, que saiu mal impresso em 1855. Em 1996, foi vendido por 2,3 milhões de dólares.

É também por isso que apesar de serem os primeiros, os "Penny Blacks" não sãos mais valiosos. Há muitos. É, por isso, que não se pode dizer se um selo circulado tem mais ou menos valor que um novo. Mas quando a peça integra mais do que um selo vale mais. Por isso, Pedro Vaz Pereira deixa o conselho: não se arranque o selo das cartas. Através do envelope ou do postal sabe-se de o local de origem e de destino. O remetente e o destinatário. Fica-se a saber a história daquele selo. E isso pode valer muito dinheiro.







Paulo dias
"O selo português tem muita procura"


Só alguns sinais são aceites. Normalmente, alguns sinais de dedos para licitação ou fim de licitação. "Mas não os aceito a toda a gente", diz Paulo Dias, da leiloeira P. Dias, que realiza anualmente três ou quatro leilões filatélicos. Este ano, no dia 9 de Outubro, vai decorrer da Exposição Mundial de Filatelia, na FIL, um leilão especial. Há peças que estão a aguardar este leilão há mais de um ano, diz Paulo Dias ao Negócios. Estarão a leilão 1.200 peças. Entre elas, uma folha completa de 24 selos D. Maria II. Base de licitação: 22 mil euros.

A casa leiloeira P. Dias trabalha está no mercado filatélico há 25 anos. Separa os casos Afinsa e Fórum Filatélico do mundo filatélico dos coleccionadores. São estes os seus principais clientes, seguindo-se os comerciantes e investidores. Muitos investidores, segundo Paulo Dias, acabam por se tornar coleccionadores. São estes que gostam de passar despercebidos.

O valor das peças é aquele que o licitador estiver disposto a dar. A base de licitação é, na maior parte das vezes, da casa leiloeira, que no caso de Paulo Dias é também avaliadora. Uma das poucas a nível nacional. O recorde da P. Dias foi conseguido por volta de 2002. Uma folha do selo 10 réis D. Luís. Rendeu 14 mil contos (70 mil euros). Ficou em Portugal. Mas nem sempre acontece. Afinal o baixo poder de compra face a outros países é extensível a este negócio. 25% dos clientes da P. Dias são estrangeiros, o que é um valor elevado se for levado em conta que a casa está vocacionada para material português e ex-colónias.
Mas, como diz Paulo Dias, "o selo português tem muita procura". A explicação
é simples: somos um país pequeno, com pouca emissão filatélica - face a outros mercados -, e com maior grau de analfabetização, o que significa que se enviavam menos cartas.


Quais os critérios de escolha dos CTT


O negócio da filatelia para os CTT vale cerca de 11 milhões de euros. As emissões filatélicas são, hoje, feitas mais para os coleccionadores

O negócio da filatelia para os CTT representa, anualmente, receitas de cerca de 11 milhões de euros. A empresa postal é a responsável pela emissão de selos em Portugal. Um processo que, nas emissões comemorativas, se inicia com dois anos de antecedência.

Já os selos de base, para circulação corrente, são definidos, normalmente, de cinco em cinco anos. Em 2011 vai iniciar-se a circulação do novo selo base, cuja temática é a das festas e romarias de Portugal.São selos dedicados à postagem, com tiragem ilimitada.
Mas há muitos clientes que vão às estações postais à procura de "um selo bonito". É muitas vezes este o sinónimo corrente para um selo comemorativo.

Os CTT definem para cada ano cerca de 30 emissões filatélicas. Tudo começa dois anos antes, com o envio de muitas cartas a pedir sugestões. Este ano já foram pedidas ideias para os selos de 2012. Até Março do ano anterior à emissão recolhem-se as sugestões, para se proceder a uma triagem. A "short list" é debatida por um conselho de "sábios".

Depois de escolhidos, é proposto ao ministério da tutela (Obras Públicas, Transportes e Comunicações) a execução do plano para o ano seguinte. Os temas incidem sobre acontecimentos nacionais, internacionais de especial importância. Este ano, os 100 anos da República foram um dos marcos assinalados. Raúl Moreira, director de filatelia dos CTT, explica que após a aprovação pela tutela, começa-se a concepção do selo. Escolha do motivo, escolha do artista - "nem todos os grandes artistas sabem desenhar selos", mas "a Maluda foi conhecida por causa dos selos".

A história da Arte poderia ser escrita através dos selos, diz Raúl Moreira. Depois de desenhado, o selo passa por várias provas até ser impresso.

Os CTT , mesmo neste selos, fazem folhas de vários valores faciais. Afinal, "queremos que o selo circule", mas Raúl Moreira não esconde que essas emissões, hoje, são mais aproveitadas pelos coleccionadores.


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