A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pediu mais informação à Portugal Telecom sobre a exposição da empresa ao Grupo Espírito Santo (GES), nomeadamente sobre investimentos em dívida em 2013. A operadora divulgou essa informação segunda-feira, 25 de Agosto, já à noite.

Assim, a Portugal Telecom revelou que no final de 2013 tinha 750 milhões de euros em dívida emitida pela Espírito Santo Internacional (ESI). Este investimento estava divido em: 500 milhões subscritos pela PT Finance em Novembro de 2013 e cujo reembolso ocorreu em Fevereiro de 2014; 200 milhões subscritos pela Portugal Telecom em Outubro de 2013 e reembolsados em Janeiro de 2014; e 50 milhões subscritos pela PT Finance em Novembro do ano passado e reembolsados em Fevereiro de 2014, revelou a operadora em comunicado.

A empresa adianta ainda que um ano antes a sua exposição à dívida da ESI ascendeu a 510 milhões de euros.

Estes investimentos aumentaram não só em montante como em peso nas rubricas da operadora. Assim, em 2013 o investimento em dívida da ESI representava 193% dos resultados líquidos e 40% do capital próprio. Um ano antes representava 164% e 20%, respectivamente.

No mesmo comunicado é revelado que, sobre a política de investimento de caixa e títulos de curto prazo, conclui-se que a Portugal Telecom "não estaria a observar uma efectiva diversificação" do investimento, tendo em consideração "a concentração em depósitos e aplicações de tesouraria no BES/GES."

De acordo com a informação divulgada no final de Dezembro do ano passado, a PT tinha 1,4 mil milhões de euros em depósitos em entidades ligadas ao GES, 750 milhões em dívida e financiamentos de 14,5 milhões de euros. Esta era a única ligação deste tipo que a operadora tinha com um dos seus principais accionistas. Em 2012, a PT tinha 1,48 mil milhões de depósitos no GES, 148,8 milhões na Caixa Geral de Depósitos e 72,5 mil no Barclays. De investimento de curto prazo, tinha apenas os 510 milhões de euros no GES acima referidos. E em financiamento tinha 28,6 milhões oriundos do GES e 166,9 provenientes do Barclays.

O regulador do mercado terá assim pedido para que a PT detalhasse o investimento em dívida das empresas do universo Espírito Santo, depois de ter sido revelado, em Junho, que investiu quase 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte - empresa desse universo -  que entrou em incumprimento.

Este investimento e os problemas que se revelaram nas empresas do GES levaram inclusivamente a que os termos da fusão entre a Oi e a PT fossem alterados e à saída de Henrique Granadeiro como presidente executivo da operadora.

(Notícia actualizada às 8h02 com mais informação)