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Presidente dos CTT faz balanço "claramente positivo" do primeiro ano de liderança

Em entrevista à Lusa, por escrito, João Bento salienta que se tratou de "um ano intenso", mas "bom".

Os CTT, liderados por João Bento, querem anular os atos de liquidação de IVA referentes a 2013, 2014 e 2015.
João Cortesão
22 de Maio de 2020 às 09:22
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O presidente executivo dos CTT faz um balanço "claramente positivo" do primeiro ano na liderança dos Correios de Portugal, que hoje se assinala, e reitera que a empresa quer "continuar a ser o operador do serviço postal universal".

Exatamente há um ano, João Bento assumia a presidência executiva dos CTT, 12 dias depois de Francisco de Lacerda ter anunciado a renúncia ao cargo antes do final do mandato.

Em entrevista à Lusa, por escrito, João Bento salienta que se tratou de "um ano intenso", mas "bom".

"Entrar perto do fim de um mandato, como foi o caso, nunca é fácil, mas como tinha um conhecimento razoável da empresa a partir da minha posição de administrador não executivo, pude adaptar-me rapidamente e também rapidamente foi possível começar a contribuir para o que espero que venha a ser uma nova fase dos CTT que, como todos os operadores postais no mundo, atravessa uma era de grandes desafios", afirmou.

Além disso, "ao facto simbólico de 2020 assinalar os 500 anos de correio em Portugal, o que só por si acrescentaria uma dimensão simbólica ao início dessa nova fase, juntou-se esta inesperada crise, sem precedentes para o mundo e sem precedentes para o mundo postal", destacou o gestor.

João Bento diz fazer "um balanço claramente positivo do que foi feito neste primeiro ano, em particular, por estar bastante regenerada uma imagem de proximidade e dedicação ao serviço público que tanto marcam a forma como os portugueses olham para o seu operador postal".

Para isso contribuiu "a decisão de parar o encerramento de lojas e o processo de início da reabertura de novas lojas em sedes de concelho em que a nossa presença tinha ficado reduzida a postos de correio", afirmou.

"E retiro especial regozijo por termos sido capazes de o fazer ao mesmo tempo que reforçámos uma imagem de modernidade e de liderança na nova economia, em particular no que se refere ao nosso papel de motor do comércio eletrónico em Portugal", disse.

"Mas todos estes passos iniciais só foram possíveis porque os CTT são uma empresa extraordinária, cheia de gente extraordinária que, com o reforço pontual numa ou outra liderança de topo que entretanto operámos, a renovação da equipa executiva, que concluímos em janeiro, e uma reorganização das áreas centrais com o foco mais virado para o cliente, estamos mais prontos do que nunca para enfrentar um novo ciclo de desenvolvimento", acrescentou o gestor.

O primeiro ano na presidência dos CTT "não poderá deixar de ficar muito marcado pelos efeitos da covid-19", mas esta crise "trouxe também boas oportunidades e levou-nos a acelerar processos que provavelmente de outra forma não estariam ainda implementados, dada a rapidez e determinação com que foi necessário agir", considerou.

"A nossa rede de lojas foi e continua a ser reforçada através da decisão e compromisso público de as reabrir, tendo em vista o reforço da elevada proximidade às populações e da capilaridade da rede, não procedendo a novos encerramentos", garantiu.

"Conforme temos vindo a afirmar, nomeadamente na resposta à consulta pública lançada pela Anacom a propósito do próximo contrato de concessão, encaramos com normalidade a inclusão nas obrigações do Serviço Postal Universal de que todos os concelhos do país beneficiem de uma Loja CTT".

O gestor disse que a empresa está a trabalhar, "de forma voluntária, no sentido de voltar a reabrir lojas encerradas em sedes de concelho" em que deixou de estar presente de forma direta, processo "que agora esteve momentaneamente suspenso por razões óbvias, estando a próxima reabertura prevista para 01 de junho, em Ourique".

Os CTT têm a concessão do Serviço Postal Universal (SUP), que termina no final do ano.

João Bento destaca ainda a renovação do compromisso de "afirmar os CTT como operador ibérico muito relevante no setor de encomendas com a contratação de uma forte equipa de gestão em Espanha, com experiência local, setorial e de transformação de empresas".

"Reforçámos esse compromisso com a apresentação de uma nova marca, a CTT Express, que resultou da integração da Tourline Express na CTT Expresso e se posiciona como futuro líder de mercado de expresso e encomendas na Península Ibérica; e com uma nova estratégia para atingir 'breakeven' operacional (EBITDA) em 2021", sublinhou.

Salientou ainda que "foi um bom primeiro ano no que se refere ao progresso quanto ao entendimento de que importa acautelar as condições em que será lançado o novo contrato de concessão de serviço público de correio".

Os CTT "querem continuar a ser o operador do serviço postal universal, conforme temos vindo a afirmar, com a condição de que esse contrato venha a estabelecer condições que garantam a sustentabilidade do próprio serviço, que deixaram de estar presentes no atual".

Para João Bento, "é importante conhecer o âmbito do novo serviço público e as condições em que vai ser lançado o processo de concessão".

Todas as indicações que "temos recebido e observado por parte do Governo apontam num sentido que parece genericamente convergente com as nossas expectativas. Se o contrato tiver condições de sustentabilidade, se os níveis de qualidade exigidos forem exequíveis (por mais exigentes que sejam), algo que agora não acontece, se os mecanismos de formação dos preços assegurarem a sustentabilidade do serviço e estiverem protegidos de modificação discricionária, os CTT querem ser essa entidade. E acreditamos que vamos ser", rematou.

"Defendemos, assim, tal como está expresso na nossa pronuncia da consulta ao mercado lançada pela Anacom, que deve ser designado um único prestador de um único SPU, já que consideramos que esta é a opção mais indicada face às condições do mercado e aquela que é suscetível de satisfazer as necessidades dos utilizadores de forma mais eficiente, devendo a concessão continuar a englobar todos os serviços que se continue a considerar relevantes e que, se possível, possam ser remunerados, como até aqui, exclusivamente pelos seus utilizadores (e não pelos contribuintes)", referiu.

O contrato "deve também assegurar equilíbrio financeiro e a compensação dos custos de serviço, se tal vier a ser necessário", sendo que "estamos por isso comprometidos, se assim for, em prestar um SU de qualidade, com objetivos proporcionais e exequíveis, ajustados às necessidades dos utilizadores", considerou.
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