Notícia
Plataformas que falam português
O "crowdfunding" é uma forma de financiamento já muito utilizada internacionalmente, mas em Portugal os primeiros passos estão a ser dados. Agora é a vez de estas plataformas falarem a língua de Camões.
Zarpante. Quando a cultura se faz à estrada do financiamento
Ser subsídio-dependente não é alternativa, pelo menos é o que pensam os fundadores da Zarpante. E com os cortes de apoio à cultura, os seus fundadores quiseram ter outras possibilidades. O "crowdfunding" foi o caminho encontrado e obrigou a "uma inversão do mecanismo da produção. O público passa a ser quem decide realmente e por consequência passa a determinar o que realmente deseja ver, escutar, ouvir, ler etc...", explicam Anne-Charlotte Louis e Henrique Moretzsohn de Andrade. Com esta ideia como base, a Zarpante quer captar projectos dos países lusófonos. "Por sermos oriundos de Portugal e do Brasil, foi como uma evidência para nós aplicar a lógica do 'crowdfunding' em torno do universo cultural lusófono com o qual nos identificamos", dizem. E com projectos já em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, mas também projectos lançados por lusófonos residentes em França, Suíça, Espanha ou Bélgica, o objectivo é crescer. A Zarpante cobra uma comissão de 7% sobre os fundos arrecadados.
Olmo. A ajuda humanitária à distância de um clique
A Olmo surgiu de uma ideia de um investidor dinamarquês, Erik Faerch, mas a casa desta plataforma de apoio a projectos sociais é em Portugal. Com a ajuda da tecnológica Two e da consultora Terceiro Quadrante, a plataforma Olmo permite não só a doação de dinheiro para ajudar os projectos sociais presentes na plataforma, mas também de bens e serviços. Domingos Farinho, um dos mentores do projecto, através da Terceiro Quadrante, admite que a ideia inicial não era o "crowdfunding" e sim o "crowdsourcing", com base na troca de bens e serviços das empresas. A Olmo está em funcionamento na sua versão beta, que corresponde à fase-piloto e, neste momento, já qualquer pessoa pode fazer uma doação, mas apenas para projectos que foram pré-aprovados, sendo assim possível testar a plataforma em ambiente real. Nesta fase beta, já foram submetidos projectos de São Tomé e Príncipe, Portugal e Moçambique. O ano de 2014 será de teste, mas a ideia da Olmo é ir mais além.
PPL. Quase 200 projectos apoiados em dois anos
Com pouco mais de dois anos de existência, a PPL já tem números para apresentar. Esta plataforma é gerida através da Orange Bird, uma empresa que promove o "crowdsourcing" em Portugal, nomeadamente, através da PPL - designação para "people, pessoas" com Portugal. Pedro Domingos, Yoann Nesme, Paulo Silva Pereira, Pedro Oliveira e Pedro Pires são o rosto da PPL. No balanço da sua actividade, os administradores do PPL relatam que "aos audazes sete projectos iniciais, juntaram-se outros 177. No total, 73 campanhas conseguiram angariar o financiamento, no montante global de mais de 167 mil euros". Em 2013, a PPL angariou 205,5 mil euros, um valor que compara com os cerca de 73 mil euros, registados no ano anterior. Com mais de 5,7 mil apoiantes, no ano passado, foram 184 os projectos apoiados através desta plataforma. E do total dos projectos, um total de 46% conseguiu apoio e, em média, os projectos financiados ultrapassaram o valor pedido.
Teatro. "Morte Súbita" foi apoiada a 100%
A "33 ânimos" precisava de 1.630 euros para montar uma peça, a "Morte Súbita". O espectáculo que abordava as ditaduras brasileira e portuguesa do século XX juntava artistas portugueses e brasileiros e esteve em cena na Barraca, em Lisboa. O projecto assegurou o financiamento a 100%.
Leitura. Projecto em Moçambique
O projecto Ler Mais visa equipar a biblioteca da Comunidade de Nhambira com livros de consulta e material escolar, proporcionando um local de estudo a alunos e comunidade escolar em geral. Com um orçamento de 5.635 euros e a faltar 62 dias, o projecto ainda só garantiu 1% do seu objectivo.
Política. António Costa entrou no PPL
A PPL foi a plataforma escolhida pela candidatura socialista, de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa para lançar o primeiro projecto político recorrendo ao "crowdfunding". António Costa pedia 3.500 euros e ultrapassou em 88 euros o valor que ambicionava, com 87 apoiantes.