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O senhor Jerónimo Martins

Catorze dias de votação traduzem-se numa eleição tangencial: o senhor Jerónimo Martins superou por sete votos o fundador da CUF. Com 7.501 cliques, Alexandre Soares dos Santos bateu ao “sprint” Alfredo da Silva, o preferido de 7.494 leitores.

06 de Setembro de 2007 às 00:20
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Catorze dias de votação traduzem-se numa eleição tangencial: o senhor Jerónimo Martins superou por sete votos o fundador da CUF. Com 7.501 cliques, Alexandre Soares dos Santos bateu ao "sprint" Alfredo da Silva, o preferido de 7.494 leitores.

Iniciada a 21 de Agosto, a escolha do "maior empresário português do século XX" prolongou-se na edição "online" do Jornal de Negócios até 3 de Setembro, tendo registado um total de 34.347 votos. O pódio completa-se com Ricardo Espírito Santo Silva, que reuniu a preferência de 5.052 leitores (ver resultados completos na sondagem).

Surpreendido, mas feliz, Alexandre Soares dos Santos é o nome maior da consulta efectuada pelo Jornal de Negócios. O bilhete de identidade assinala um nascimento a Norte, no Porto, em 1934. Durante o colégio, foi colega de Francisco Sá Carneiro, antes de optar pela frequência em Direito na Universidade de Lisboa, em 1955. Ainda assim, três anos mais tarde, cruzou-se com a sua verdadeira vocação: decide concorrer no estrangeiro a "trainee" da Unilever, parceira da empresa liderada pelo pai (Elísio Soares dos Santos), a Jerónimo Martins. A candidatura é bem-sucedida e o curso é interrompido.

Após passagens por França, Alemanha, Irlanda e Brasil, Alexandre Soares dos Santos assume os destinos da Jerónimo Martins após a morte do progenitor, em 1968. Ultrapassadas as turbulências de Abril, o novo líder do grupo aposta num novo sector – o da distribuição -, num período em que a actividade industrial da empresa tem na Lever e na Fima as protagonistas maiores. Entre 1979 e 1989, adquire uma série de negócios, desde o Pingo Doce ao Pão de Açúcar, e coloca a Jerónimo Martins em bolsa.

Nos anos 90, e já depois de comprar o Feira Nova, aponta a bússola para a internacionalização. A primeira aposta é na Polónia, sendo a segunda no Brasil. É precisamente esta aposta conjunta que acaba por trazer problemas sérios à Jerónimo Martins: o grupo partiu cedo de mais para o Brasil, sem ter a Polónia consolidada, não tendo ainda dimensão suficiente para estar presente nos dois mercados em simultâneo. Entre 1999 e 2001, surgem problemas financeiros e os prejuízos. Alexandre Soares dos Santos reconhece o erro e decide alienar os activos não-estratégicos, centra a aposta internacional na Polónia e reestrutura a gestão interna do grupo. Pelo meio, faz uma abordagem a Belmiro de Azevedo, para uma fusão com a Sonae, que acaba por não se concretizar.

Depois de corrigir o erro do Direito, que lhe redefiniu a vida, corrigiu o erro da expansão, que salvou a empresa. Este é um dos méritos que os especialistas mais elogiam em Alexandre Soares dos Santos (além da capacidade de ter conseguido ganhar dimensão para se internacionalizar e da independência face ao Estado).

A Jerónimo Martins volta a recuperar a estabilidade e, em 2004, o histórico líder passa a presidente não-executivo. O sucessor não sai da família, recaindo a escolha sobre Luís Palha, até então administrador financeiro do grupo. O mercado gostou.

Leia a entrevista a Alexandre Soares dos Santos: "Uma empresa bem gerida dura sempre, seja familiar ou não"

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