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Nike, Adidas e mais 170 empresas pedem a Trump para não impor novas tarifas. "Será catastrófico"

O alargamento da tarifa de 25% sobre quase todos os produtos importados da China, admitido por Trump, seria uma medida "catastrófica" para os consumidores, as empresas e a economia, alerta o setor do calçado.

18º Nike
Lucy Nicholson/Reuters
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Um grupo de mais de 170 empresas de calçado, onde se incluem a Nike e a Adidas, apelou ao presidente dos Estados Unidos para que retire este setor da lista de produtos chineses aos quais poderão vir a ser aplicadas novas tarifas comerciais. Numa carta aberta a Donald Trump, estas empresas antecipam que, a avançar, esta medida será "catastrófica" para a economia norte-americana.

"Enquanto empresas, marcas e retalhistas líderes do setor do calçado, com centenas de milhares de trabalhadores nos Estados Unidos, escrevemos-lhe para pedir que retire imediatamente o calçado da mais recente lista [de produtos alvo de tarifas] que foi publicada. A tarifa adicional de 25% sobre o calçado que é proposta seria catastrófica para os nossos consumidores, as nossas empresas e a economia norte-americana como um todo", pode ler-se na carta aberta deste grupo de 173 empresas, publicada no site da associação de distribuidores e retalhistas de calçado dos Estados Unidos (FDRA, na sigla em inglês).

Em causa está uma nova ameaça de Donald Trump, no âmbito da guerra comercial com a China. Este mês, entrou em vigor nos Estados Unidos o aumento da tarifa de 10% para 25% que é aplicada a um grupo de bens chineses no valor de 200 mil milhões de dólares. Mas, para além desta medida, o presidente norte-americano ameaça ainda alargar as tarifas de 25% a um novo lote de bens chineses que ainda não são alvo de taxas aduaneiras, cujas importações estão avaliadas em cerca de 300 mil milhões de dólares.

Os alvos passam por roupa e calçado, brinquedos, telemóveis, computadores portáteis, equipamentos industriais e vários produtos agrícolas. De fora ficam produtos farmacêuticos, mas, a avançar, esta medida implica que quase todos os bens chineses que são exportados para os Estados Unidos passem a ser alvo de tarifas aduaneiras, o que afetaria a maior parte dos consumidores norte-americanos e tornaria os Estados Unidos num dos países mais protecionistas do mundo.

É o impacto que estas medidas terão sobre os consumidores que as empresas do calçado destacam. "Não deve haver equívocos: os consumidores norte-americanos pagam pelas tarifas dos produtos que são importados. Enquanto uma indústria que suporta custos de 3 mil milhões de dólares todos os anos, podemos assegurar que qualquer aumento no custo de importação de calçado tem um impacto direto sobre o consumidor norte-americano. É um facto inevitável que, quando os preços sobem na fronteira devido aos custos de transporte, os custos da mão de obra aumentam ou há custos adicionais, o consumidor paga mais pelo produto".

As empresas sublinham que este aumento das tarifas vai afetar "todo o tipo de calçado e cada um dos segmentos da nossa sociedade" e apresentam mesmo números. "A FDRA estima que a vossa proposta adicione custos anuais de 7 mil milhões de dólares para os nossos consumidores. Este aumento dramático seria acrescentado aos milhares de milhões que os norte-americanos já pagam como resultado das atuais tarifas sobre as importações de calçado, que começaram em 1930".

Por outro lado, afastam a hipótese de recorrer a outros parceiros comerciais, que não a China, no curto prazo, uma vez que a indústria do calçado "requer anos de planeamento para fazer decisões de fornecimento", argumentam. "As empresas não podem simplesmente mover as fábricas para se ajustarem a estas mudanças".

Assim, pedem que Donald Trump "pare imediatamente com a medida para aumentar" as tarifas. "A sua proposta para adicionar tarifas a todas as importações à China é pedir aos consumidores norte-americanos que suportem os custos. É tempo de acabar com esta guerra comercial", concluem.

Entre as empresas, para além da Adidas e da Nike, estão signatárias como a Aldo, Asics, Converse, Reebok, Puma ou Merrell.
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