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Mercadona constrói bloco logístico em Lisboa e dez lojas em 2020
Na véspera da abertura da primeira loja, em Vila Nova de Gaia, o presidente da retalhista espanhola atualizou para 260 milhões de euros o valor investido desde 2016 em Portugal, onde prevê abrir 150 lojas.
Depois de investir cerca de 160 milhões de euros nos três primeiros anos em Portugal para montar a empresa e preparar a abertura das primeiras dez lojas, a concretizar até dezembro, o presidente da Mercadona prometeu esta segunda-feira, 1 de julho, "continuar a investir" no país, atualizando para 260 milhões o montante já gasto deste lado da fronteira.
Falando em Vila Nova de Gaia, na véspera da abertura do primeiro supermercado em Portugal, Juan Roig anunciou que, em 2020, vai abrir mais dez unidades – sem especificar as localizações exatas – e estimando "nos próximos anos alcançar as 150 lojas" no país.
Além disso, o gestor avançou que a empresa de Valência irá "investir noutro bloco logístico perto de Lisboa", preparando desta forma a chegada à capital e ao sul do país, algo que só acontecerá depois de 2021. A retalhista espanhola já tem um centro deste género no Parque Industrial de Laúndos, na Póvoa de Varzim, com uma área total de 50 mil metros quadrados, incluindo armazéns de secos, frescos, refrigerados e congelados.
Na presença do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e do autarca gaiense, Eduardo Vítor Rodrigues, Juan Roig sublinhou que "este é o início de um projeto partilhado para construir riqueza e progresso neste país irmão", por onde arranca o processo de internacionalização, onde já contratou 900 funcionários e onde quer também "apostar no desenvolvimento do setor primário e da agroindústria".
"É um orgulho que este marco histórico seja em Portugal, país a que nos unem vínculos afetivos e culturais, além de sermos vizinhos. É um país com um grande presente e um extraordinário futuro, exemplo de modernidade e de inovação. Uma terra que desde o primeiro dia nos recebeu com os braços abertos", resumiu o presidente da Mercadona.
Concorrência? "Há espaço para todos", diz ministro da Economia
O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, elogiou o investimento da Mercadona em Portugal também por "diversificar as escolhas para os consumidores", desvalorizando o contexto altamente concorrencial que os espanhóis irão encontrar deste lado da fronteira, onde "o retalho alimentar é muito sofisticado". "Temos muitos operadores estrangeiros presentes e operadores nacionais altamente sofisticados e com níveis de excelência. A Mercadona sabe que só pode estar [aqui] com sucesso se estiver muito atenta às necessidades dos portugueses. (…) Mas esta é uma economia em crescimento e há espaço para todos", resumiu. O governante, que apareceu de surpresa no evento – estavam escalados dois secretários de Estado, com as pastas da alimentação e da defesa do consumidor – destacou ainda a "ambição grande" do grupo espanhol, expressos no valor investido e nos postos de trabalho, acrescentando que "isso significa confiança no país" e crença de que "os consumidores portugueses [precisam] de outro tipo de cobertura e novas ofertas para satisfazerem as suas necessidades". Para o setor agroalimentar, completou Siza Vieira, a Mercadona pode ser "uma parceira para desenvolvimento de valor na cadeia" também um novo canal para a exportação dos produtos portugueses.
Metade do sortido tem selo nacional
Esta primeira unidade, que estará aberta das 9h às 21h30, representou um investimento de 11,5 milhões de euros e vai vender cerca de seis mil produtos. Com algum cheiro a bacalhau e azulejos de inspiração portuguesa à entrada, segue o novo modelo de loja da companhia: tem 1.900 metros quadrados, corredores mais largos, luz natural e carrinhos de compras que funcionam sem moeda e levam um chip para acionar o sistema de bloqueio sempre que algum cliente os tenta levar para casa.
A partir desta terça-feira, 2 de julho, vão ali trabalhar 85 pessoas, que estavam em período de formação desde abril de 2018. A empresa calcula que o custo da formação ronde os 50 mil euros por trabalhador – incluiu um tempo em Espanha – e todos entram com contrato efetivo e a promessa de que vão poder gozar as duas folgas semanais em dias consecutivos.
O facto de abrir aos domingos (ao contrário do que sucede em Espanha) e de ter uma secção de pronto-a-comer obrigou a Mercadona a aumentar o número de funcionários em cada loja, face às 50 a 60 estimadas inicialmente. No total, até ao final deste ano, a empresa espanhola conta empregar 1.100 pessoas em Portugal, dos quais 350 nos escritórios.
Nos supermercados, as marcas próprias representa metade do sortido. Na visita à imprensa, que antecedeu os discursos de inauguração, o diretor de comunicação, André Silva, exemplificou que no corredor dos vinhos e da charcutaria, com a exceção do presunto, todos os produtos estão a ser comprados a fornecedores nacionais, que no total ascendem já a 300 e vão encher metade das prateleiras em Portugal. A Ramalhos é outro parceiro português, neste caso na área industrial, tendo desenvolvido os fornos onde são cozidos os pães.