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Marubeni, um gigante que tanto vende café como turbinas eólicas

A Marubeni, gigante japonesa que se vai instalar em Portugal, é um conglomerado com características únicas que apenas se encontram no Japão. A empresa actua como grossista e distribuidora num conjunto alargado de sectores, desde o alimentar ao energético.

30 de Maio de 2017 às 19:30
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Depois de ter investido mais de 400 milhões de euros em Portugal, comprando participações em grupos de distribuição de gás natural, de produção de energia e de abastecimento de água, a Marubeni vai finalmente abrir uma filial em Lisboa.

A empresa, que em 2015 apresentou receitas de 60 mil milhões de dólares (14.º melhor resultado no Japão, de acordo com o ranking Forbes Global 500), tem um perfil que apenas se encontra no país do sol nascente, uma vez que opera num conjunto muito alargado de sectores, a maior parte dos quais como intermediária.

 

No Japão, essas empresas são designadas de "sogo shosha", o que significa que são empresas de comércio em mercados internacionais de uma variedade invulgarmente alargada de produtos. Há apenas sete conglomerados nessa categoria no Japão, lê-se na página da Marubeni, que explica que, inicialmente, estas empresas não podiam ser detentoras da produção nem dos recursos dos produtos que transaccionavam.

 

Estando relegadas ao papel de intermediárias, a forma que tinham de aumentar a sua rentabilidade seria transaccionar volumes gigantescos de produtos das mais variadas áreas. Em 2015, o CEO de outra "sogo shosha" japonesa, a Mitsui, classificava desta forma a actividade da empresa: "a nossa especialidade é fazer negócio em muitas áreas e aproveitar as sinergias que são criadas". A actividade destas empresas também é apresentada como abrangendo "desde noodles a satélites".

 

A Marubeni tem 448 empresas diferentes nos sectores da energia, têxtil, alimentar , transportes, logística, químicos ou financeiro. No total emprega 39.914 trabalhadores, a grande maioria dos quais trabalham nas companhias que vai adquirindo. Nos Estados Unidos, por exemplo, é dona da Helena, a segunda principal retalhista de fertilizantes e produtos químicos. No Japão é responsável por 30% do café consumido e é a principal vendedora de cereais (em 2015 vendeu 67 milhões de toneladas).

 

Um quinto da electricidade em Portugal é gerada pela Marubeni

 

Essa estratégia de diversificação já chegou a Portugal. Em 2013, a Marubeni comprou 50% da National Power Holdings, que detinha as centrais eléctricas de gás e carvão e parques eólicos da GDF Suez em Portugal. Esses activos representavam, na altura, 17% da capacidade instalada de produção de energia eléctrica em Portugal – número que entretanto é de 19%, segundo a AICEP.

 

Posteriormente, em 2014, a Marubeni avançou para a compra da AGS, que detém o abastecimento de água em 14 municípios portugueses, em conjunto com a INCJ, igualmente nipónica. Essa operação terá sido concretizada por 72 milhões de euros, e permitiu a entrada da Marubeni no Brasil, onde a AGS também opera.

 

Mais recentemente, em Outubro do ano passado, a Marubeni passou a deter, em conjunto com a Toho Gas, uma participação de 22,5% no capital da Galp Gás Natural Distribuição, subsidiária de distribuição de gás natural da Galp Energia, que continua a deter 77,5% do capital. O negócio valeu 138 milhões de euros.

 

A abertura da filial em Lisboa deixa antever que novas aquisições poderão estar a caminho, bem como a expansão para países de língua portuguesa.

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