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Marcelo "atenua" atraso nas missões empresariais ao México

A falta de resposta à candidatura ao Portugal 2020 obrigou a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana a adiar o calendário de acções no país que Marcelo vai visitar de 16 a 18 de Julho.

Cofina Media
13 de Julho de 2017 às 17:59
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O novo projecto de internacionalização da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana (CCILM), que prevê três missões empresariais e a presença numa feira profissional, teve de ser adiado devido ao atraso na aprovação da candidatura ao Portugal 2020, "que é muito importante em relação aos incentivos".

 

Segundo contou ao Negócios o presidente da CCILM, Miguel Gomes da Costa, a primeira ida de um grupo de empresas ao México, que estava prevista para este mês, nunca acontecerá antes de Outubro. E também a vinda de uma comitiva de empresas mexicanas a Portugal, que devia ocorrer no final deste Verão, já foi arrastada para o início de 2018.

 

"A primeira indicação que tínhamos era de que até Abril haveria uma decisão final por parte da estrutura do Portugal 2020. (…) Não temos informação sobre as razões para este atraso", que já obrigou a organização a alterar o cronograma, acrescentou o responsável, que pretende neste programa de internacionalização "envolver, pelo menos, mais do que as 20 empresas" que entraram no projecto anterior.

 

Lamentando que "isto cria sempre problemas em termos de trabalho e organização, que infelizmente [tem] de ultrapassar", Gomes da Costa destacou, porém, que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao México, de agendamento posterior à candidatura aos fundos comunitários e que nos próximos dias levará 41 empresas portuguesas ao território, "acaba por atenuar um bocadinho" este adiamento e colocar as empresas "mais atentas e alertas para o mercado mexicano", podendo facilitar até o "trabalho de prospecção" para os eventos a organizar.

 

O projecto de internacionalização da CCILM prevê três missões empresariais (duas de empresas portuguesas ao México e uma invertida, de empresários mexicanos a Portugal) e ainda a presença numa feira profissional em meados do próximo ano, a definir mediante os interessados. "Será sempre numa área tecnológica, aquela em que os mexicanos estão mais interessados e também que eles têm mais desenvolvida, particularmente a tecnologia industrial", resumiu.

 

Investimento "coxo" e casos em tribunal

 

O México é o segundo maior parceiro comercial português na América Latina, a seguir ao Brasil, com o comércio bilateral a valer entre 400 e 500 milhões de euros, à excepção dos anos em que Portugal importa petróleo e exporta produtos refinados para aquele mercado. Mas se no comércio a balança é equilibrada, ao nível do investimento "há um desequilíbrio importante", desfavorável a Portugal, para onde os grupos mexicanos "só agora estão a olhar" em busca de oportunidades para investir.

 

Construção e infra-estruturas, componentes para automóvel e aeronáutica, moldes e injecção de plásticos, agro-alimentar, tecnologias de informação e energias renováveis são alguns dos sectores em que os portugueses mais têm investido no México. Em sentido contrário, entre os investidores mexicanos mais conhecidos em Portugal encontram-se o grupo Bimbo ou a Sigma, que detém 100% da Nobre, assim como o grupo Angeles, que em 2014 tentou comprar a Espírito Santo Saúde e que em Maio pagou 2,5 milhões ao Estado por abuso de informação na OPA.

 

Miguel Gomes da Costa, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana, deixou a liderança da COSEC em Março de 2017.
Miguel Gomes da Costa, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana, deixou a liderança da COSEC em Março de 2017. Miguel Baltazar

 

Mais polémico foi o processo que envolveu o grupo mexicano ADO, que venceu a subconcessão do Metropolitano de Lisboa e da Carris através da participada espanhola Avanza. A operação foi entretanto anulada pelo actual Governo, o que levou os mexicanos a anunciarem que, pelos danos causados, vão exigir uma indemnização ao Estado português no valor de 42 milhões de euros.

 

"Há esse problema dos transportes de Lisboa, um processo que teve algumas dificuldades e que ainda está em ‘standby’ em termos de posicionamento dos mexicanos relativamente a ele. Esperemos que esta visita [de Marcelo Rebelo de Sousa] sirva para que qualquer tipo de ‘pé atrás’ possa ser ultrapassado. Admito que seja um dos objectivos nesta visita do Presidente", assinalou Miguel Gomes da Costa, que está à frente da CCILM há sete anos e que deixou em Março a liderança da COSEC.

Trump sopra mexicanos para braços europeus

Dadas "as dificuldades – que se sentem e que são conhecidas – no relacionamento com os Estados Unidos" na sequência da eleição de Donald Trump, os mexicanos estão a olhar cada vez mais para outros países para aumentar as relações comerciais, identifica o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana, que vê Portugal bem colocado por razões geográficas, estratégicas e políticas. "Primeiro, pela sua posição privilegiada na Europa, com quem os mexicanos estão a renegociar desde Junho o tratado [de comércio livre, em vigor desde 2000]. Por outro lado, por pode ser uma plataforma interessante para a entrada deles em países africanos, como Angola e Moçambique, onde têm muito pouca experiência e temos realmente grandes possibilidades de os podermos ajudar", aponta.

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