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Lisboa estende passadeira vermelha ao segmento do luxo

A indústria dos bens de luxo está em peso na capital portuguesa. O Financial Times escolheu a cidade para acolher a FT Business of Luxury Summit, que decorre de domingo a terça-feira, no Hotel Ritz. Um momento de reflexão sobre o presente e o futuro de um segmento de mercado que move milhões.

13 de Maio de 2017 às 10:00
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"Lisboa está na rota do luxo". A frase é de Helena Amaral Neto, coordenadora dos cursos de luxo no ISEG. A cidade tem conseguido atrair investimento estrangeiro e criou condições para o turismo de topo, considera. De facto, alguma coisa está a acontecer. A prova é que este fim-de-semana a "crème de la crème" deste segmento a nível mundial está na capital portuguesa, para participar na FT Business of Luxury Summit, que começa este domingo no Four Seasons Hotel Ritz. Ao todo são cerca de 400 profissionais. E os grupos mais relevantes nos vários sectores estão todos cá.


O Financial Times descreve Lisboa como "uma das cidades da Europa mais dinâmicas e envolventes", para justificar a escolha da capital portuguesa para anfitriã da conferência anual. Este ano o tema é "Mundo Material: artesanato, manufactura e novos mercados". Para Pedro Miguel Silva, "a
ssociate partner" de Retail & Consumer Products da Deloitte Portugal, esta é uma oportunidade de ouro "para comunicar a profunda evolução que o nosso sector têxtil e do calçado conseguiu operar nos últimos anos, de uma indústria de mão-de-obra intensiva para a geração de marcas altamente competitivas a nível mundial, que aliam à melhor tradição portuguesa as novas capacidades tecnológicas".

Durante três dias são vários os oradores que vão expor as suas opiniões e experiências. Entre eles estão Axel Dumas, CEO da Hermès International; Cyrille Vigneron presidente e CEO da Cartier e também os portugueses Durão Barroso, presidente não executivo da Goldman Sachs; José Neves, fundador e presidente executivo da plataforma de moda online Farfetch e o chef Nuno Mendes, do restaurante do hotel de cinco estrelas Chiltern Firehouse, em Londres.

O que mudou com a crise financeira?

De acordo com o estudo da
Deloitte "Global Powers of Luxury Goods", o mercado global regista agora novamente "uma tendência de crescimento moderado, muito suportada pela procura em países como a China, Rússia e Emirados Árabes Unidos", diz Pedro Miguel Silva. Mas, depois da crise financeira de 2008, os operadores deste segmento tiveram que adaptar-se à mudança. Há agora um novo perfil de consumidor de luxo que "valoriza a experiência da mesma forma que o produto, e é um utilizador intensivo de canais digitais", explica.

As marcas apostam agora em mercados de destino turístico e aeroportos porque se percebeu que "uma porção significativa do consumo de artigos de luxo é realizado em viagem". Uma vantagem para Portugal, tendo em conta que "o mercado português beneficia hoje da afluência crescente de turistas", considera este consultor. Lisboa recebeu nos últimos anos 40 novas lojas de marcas de luxo, entre elas Cartier, Mickael Kors, Prada e MiuMiu.

Em Portugal não são as lojas da Avenida da Liberdade que mais pesam neste mercado que move milhões. De acordo com o "Global Powers of Luxury Goods" da Deloitte de 2016, as 100 maiores empresas mundiais deste sector registaram vendas de 222 mil milhões de dólares (cerca de 205 mil milhões de euros).

"O retalho é só a ponta do iceberg", diz Helena Amaral Neto. São sobretudo o imobiliário e o turismo de luxo que funcionam como motor deste segmento. E muito por causa dos chamados "vistos gold" e do regime fiscal para residentes não habituais, que têm atraído muitos estrangeiros com um elevado poder económico, explica. Pedro Miguel Silva concorda, e destaca algumas particularidades atractivas para este sector: "custos imobiliários baixos, em comparação com outras cidades europeias; uma política de vistos favorável ao investimento e consumo; a predominância de um clima chamativo; a flexibilidade linguística e a propensão natural para o turismo."

Este mercado está com tanto potencial, diz a docente Helena Amaral Neto, que o ISEG percebeu que tinha aqui uma oportunidade e criou formações específicas para profissionais nestas áreas. "Começámos com a gestão do luxo", explica, um curso abrangente com conhecimentos "que se aplicam a qualquer área de negócio" e depois surgiram formações específicas para as duas áreas com maior necessidade de formação de quadros. Primeiro o imobiliário de luxo e, em Outubro, decorrerá o curso de turismo de luxo. São cursos de curta duração, entre dois e quatro dias, "com um painel de oradores de luxo, alguns vindos de fora".

A cimeira do FT está por isso a entusiasmar a professora do ISEG. "Este é o evento do ano no mercado do luxo", diz. E acrescenta que também a Condé Nast International, detentora dos direitos das revistas GQ e Vogue, já anunciou que em 2018 a sua "Luxury Conference", que este ano decorreu em Omã, será realizada em Lisboa. É caso para dizer que Lisboa está um luxo.

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