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Gigantes tecnológicas aproveitam corte de impostos de Trump para remunerar os accionistas
Os accionistas das maiores empresas tecnológicas dos Estados Unidos foram dos principais beneficiados com a reforma fiscal que Donald Trump implementou.
Cinco das empresas tecnológicas dos Estados Unidos com maior liquidez tiraram partido do corte de impostos decidido por Donald Trump para elevar de forma considerável a remuneração aos accionistas.
A conclusão é do Financial Times, que fez as contas e apurou que a Apple, Alphabet, Cisco, Microsoft e a Oracle gastaram 115 mil milhões de dólares entre Janeiro e Setembro na compra de acções próprias.
Este valor, de acordo com o jornal britânico, quase duplica o que estas mesmas empresas gastaram em 2017 na recompra de acções. Daí que o Financial Times conclua que os accionistas destas tecnológicas estejam a ser "dos principais beneficiados com um plano que foi anunciado com o propósito de aumentar o emprego nos Estados Unidos".
Estas empresas também aumentaram o investimento de capital em 45% no mesmo período, para 42,6 mil milhões de dólares. Um relatório recente da Moody’s refere que as empresas norte-americanas também terão aproveitado a descida de impostos para reduzir o montante da dívida.
O National Association for Business Economics (NABE), um dos mas reputados institutos económicos dos Estados Unidos, publicou no mês passado um relatório onde dava conta que a reforma fiscal de Trump "não tinha impactado de forma abrangente os planos de investimento e contratações de trabalhadores das empresas norte-americanas".
A Apple é um bom exemplo de como as gigantes tecnológicas aproveitaram a descida de impostos. A fabricante do iPhone, que é a empresa dos EUA com maior nível de liquidez, gastou 62,6 mil milhões de dólares na compra de acções próprias (quase o triplo do registado no período homólogo) e 14,5 mil milhões de euros em gastos de capital (aumento de 14% face ao período homólogo).
A reforma fiscal facilitou o repatriamento de capitais que as tecnológicas tinham parqueado fora dos EUA, o que de acordo com os analistas também concluiu para aumentar o investimento empresarial nos EUA. Contudo, como refere o Financial Times, a construção de novas infra-estruturas leva mais tempo a executar do que um programa de recompra de acções.