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Finanças investigam financiamentos de alto risco nas empresas públicas

Empresas contrataram “swaps” que acumulam perdas potenciais de cerca de três mil milhões de euros.

15 de Abril de 2013 às 08:41
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A Inspecção-Geral de Finanças recebeu ordens para investigar os financiamentos de alto risco contratados pelas empresas públicas (“swaps”) antes da crise financeira, segundo adiantam o “Público” e o “Jornal de Notícias” de hoje. Em causa estão perdas potenciais que podem atingir os três mil milhões de euros.

 

Em entrevista ao Negócios, Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado o Tesouro, já tinha admitido que o Governo estava a analisar estes contratos. "O IGCP tem estado a trabalhar numa análise aprofundada depois de receber informação de todas as empresas. Após essa análise estar concluída iremos ver, ao nível do Governo, como abordar a questão", adiantou a governante.

 

Estes instrumentos foram contratados para prevenir o risco de subida de taxa de juro, que tem descido constantemente, o que origina perdas nestes instrumentos. Entre as empresas com maior risco, pela contratação de elevados montantes de “swaps” estão os Metros de Lisboa e Porto que, no terceiro trimestre de 2012, registaram 1,13 mil milhões  e 832 milhões de euros respectivamente de perdas potenciais. Estes números estão no relatório da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças referente ao terceiro trimestre de 2012.

 

Este endividamento é um problema acrescido na dívida das empresas públicas que, segundo as estimativas nos relatórios da troika atinge, globalmente, os 30 mil milhões de euros. Maria Luís Albuquerque admitiu que pode haver impacto nas contas públicas. "Temos empresas que estão dentro do perímetro [contam para o défice] e que estão fora. Estas não têm impacto nas contas públicas, apenas na dívida em sentido lato. As que estão dentro do perímetro, se se pagar para desfazer um derivado, há um impacto imediato em termos de caixa, mas em contas nacionais é diluído ao longo do tempo. Estamos a avaliar o que nos permite poupar mais dinheiro, naquelas operações que devam ser desfeitas".

 

O Negócios noticiou em Setembro de 2012 que entre 2008 e 2010 as empresas públicas “protegeram-se” das subidas da Euribor com contratos de cobertura de taxas de juro. “Agora, depois da forte descida dessas taxas, as perdas potenciais já ultrapassam os dois mil milhões de euros. "Bomba relógio" pode rebentar a qualquer momento, se os contratos forem denunciados antes da maturidade. A troika sabe e está preocupada”, escreveu o Negócios na edição de 4 de Setembro de 2012.

 

Nessa altura, existiam 165 destes instrumentos de gestão de risco financeiro (IGRF), segundo os dados da Direcção-geral do Tesouro e Finanças (DGTF). Quase 70% dizem respeito a cobertura simples de risco de taxa de juro ("swaps"). É nestes que a queda das taxas Euribor para valores abaixo de 1% está a ter um forte impacto negativo, uma vez que foram feitos para proteger os empréstimos das empresas da subida das taxas de referência, e agora estão a sofrer proporcionalmente com a sua forte descida.

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