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Empresários defendem pacto de regime entre os dois maiores partidos

"É nosso entendimento que o país precisa de um pacto de desenvolvimento de médio/longo prazo, assente numa cooperação estratégica entre os vários partidos, mormente os dois maiores partidos do arco parlamentar."

;Miguel Baltazar
25 de Janeiro de 2022 às 10:14
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Um conjunto de empresários, entre eles o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, apelam num artigo a um pacto entre os dois maiores partidos para colocar o país no "pelotão da frente" da UE no espaço de uma geração.

Num artigo de opinião divulgado esta terça-feira no jornal Público, empresários como António Saraiva, Franquelim Alves e Sampaio de Matos defendem uma convergência em torno de um pacto de regime para "impulsionar uma agenda progressista e reformista" e apelam aos dois maiores partidos para se comprometerem a viabilizar uma solução de governo após a eleições de dia 30.

Apelam aos dois maiores partidos para viabilizarem "uma solução de governo, liderada pelo partido que sair vencedor das eleições de 30 de janeiro, através de um acordo de incidência parlamentar para uma legislatura, que se comprometa com a viabilização dos respetivos Orçamentos do Estado e com um programa de governo assente em reformas de fundo, que permitam alavancar e otimizar os fundos comunitários, designadamente o PRR e o Portugal 2030".

"É nosso entendimento que o país precisa de um pacto de desenvolvimento de médio/longo prazo, assente numa cooperação estratégica entre os vários partidos, mormente os dois maiores partidos do arco parlamentar, que representam a larga maioria dos votantes e cuja convergência é indispensável para viabilizar um conjunto de reformas fundamentais e inadiáveis", escrevem.

Lembram que o governo que sair das eleições legislativas de dia 30 "terá a exigente missão de aplicar o maior pacote financeiro jamais colocado ao serviço do país desde a sua adesão à União Europeia, há 35 anos" e defendem que estes fundos representam uma "oportunidade histórica" para o país.

"Apesar dos inestimáveis avanços civilizacionais que o regime democrático nos trouxe, não podemos ignorar que Portugal continua a sofrer de fortes e persistentes debilidades estruturais, não obstante os abundantes fundos recebidos da União Europeia", consideram os empresários, apontando os exemplos recentes de casos de "escândalos de bancos mal geridos", de resgates pagos pelo dinheiro dos contribuintes, os programas de assistência financeira externos, os "aumentos colossais" de impostos e agravamento das condições económicas para muitos portugueses.

Dizem que estas são algumas das razões pelas quais "muitos portugueses não confiem no sistema político e optem ou pela abstenção ou pelo apoio a políticos anti-sistema".

"Há fragilidades económicas e sociais que Portugal deve enfrentar de forma mais eficaz, com políticas públicas mais inovadoras, reformistas e progressistas", escrevem os responsáveis, dando como exemplo o endividamento do Estado, empresas e famílias, os baixos níveis de rendimentos em Portugal, o facto de ser um dos países com menor produtividade e um dos que tem maior percentagem de pessoas entre os 25 e os 64 anos sem o ensino secundário ou superior.

Apontam igualmente os gastos dos portugueses com a saúde (5,1% do rendimento das famílias), os índices de perceção da corrupção da International Transparency, em que Portugal está atualmente na pontuação "mais baixa de sempre", assim como a lentidão da justiça.

"Os cidadãos anseiam por uma democracia com maior qualidade, com novas práticas e protagonistas, em que possam escolher de forma direta e nominal os seus deputados e exigir-lhes responsabilidades, tal como sucede na generalidade dos países europeus, ao invés de terem de passar um "cheque em branco" aos líderes e diretórios partidários", consideram.

Defendem igualmente que o país precisa de um sistema democrático "capaz de garantir níveis mais elevados de participação, de legitimação, de escrutínio, de transparência, de combate à corrupção e às derivas populistas".

"A encruzilhada estratégica em que nos encontramos e que a crise pandémica veio evidenciar e agravar, mais do que uma ameaça, deve ser encarada como uma oportunidade para empreender uma redefinição das nossas prioridades estratégicas, com vista a uma mudança de paradigma de desenvolvimento, tendo como desígnio transformar Portugal num país de alto valor acrescentado no horizonte de uma geração", acrescentam.
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