O fundador e proprietário das clínicas dentárias Vitaldent – que chegou a considerar-se a maior cadeia de consultórios do género no mundo – foi detido na manhã desta terça-feira, 16 de Fevereiro, em Espanha por indícios de branqueamento de capitais, fraude e delito fiscal.

O empresário uruguaio Ernesto Colman Mena, um dos mais ricos do país vizinho, é um dos dez altos responsáveis da empresa (entre os quais o vice-presidente Bartolo Conte), detidos numa operação "contra a corrupção e a criminalidade organizada", avança o jornal El País citando as autoridades espanholas.

As buscas decorrem em vários edifícios da empresa – incluindo o da sede, em Madrid, e em 13 escritórios de advogados – e são o culminar de vários anos de investigação depois de denúncias dos franchisados à unidade de delinquência económica e fiscal da polícia por fraude contra o fisco e os próprios associados, que os terá lesado em vários milhões de euros.

A operação Topolino, como é designada, já resultou na apreensão de um avião e de 36 carros de luxo, avança a agência Europapress.

De acordo com a imprensa espanhola, que cita fontes judiciais, os gestores da empresa obrigavam os seus franchisados a pagar em numerário o valor relativo ao uso da marca ("royalties"). Estes montantes constituíriam um "saco azul" e seriam depois conduzidos para paraísos fiscais (na Suíça e Luxemburgo), regressando mais tarde a Espanha para serem investidos em propriedades.

Segundo o site da empresa, a Vitaldent tem, actualmente, mais de 350 clínicas em Espanha e estabelecimentos na Polónia e Itália. Mas a imprensa espanhola estima que 300 estabelecimentos do país vizinho são geridos em regime de franquia, ao passo que a empresa deterá somente 200 clínicas próprias. A operação policial em curso pretende que os franchisados continuem a trabalhar e a gerir directamente as suas clínicas.

A Vitaldent chegou a ter 30 espaços em Portugal até que, em Setembro de 2012, encerrou a maioria das clínicas próprias – cinco das sete unidades devido à "conjuntura económica do país. No início desse ano, a Ordem dos Médicos Dentistas apresentou uma queixa contra a empresa no regulador da saúde por práticas ilegais, alegadamente sugerindo tratamentos sem prévio aconselhamento com um dentista.

A empresa deixou de ter presença no país, tendo parte das suas clínicas sido adquiridas por outros grupos de medicina dentária.