A Deloitte & Touche, divisão italiana da segunda maior firma de auditoria do mundo, negou ter tido qualquer comportamento ilegal em relação ao escândalo financeiro da Parmalat. «Foi devido às observações da Deloitte que as actividades fraudulentas da Parmalat vieram a público», defendeu-se a empresa em comunicado.

O relatório apresentado a 31 de Outubro pela Deloitte & Touche, em que questionava as actividades de duas empresas da Parmalat sedeadas nas ilhas Caimão, ajudou a descobrir a contabilidade fraudulenta da empresa italiana, despoletando o maior escândalo financeiro da última década em Itália. A Parmalat acabou por declarar falência depois de ser conhecido que uma conta que teria cinco mil milhões de dólares não existia.

No entanto, apesar desta «participação» na descoberta da contabilidade fraudulenta, investigadores ligados ao caso indicaram como suspeitos dois auditores da Deloitte, Adolfo Mamoli e Giuseppe Rovelli, por alegadamente apresentarem relatórios falsos e ajudarem a empresa a manipular a contabilidade.

Em comunicado, a Deloitte rejeitou a ideia de que os seus auditores terão participado nas actividades ilegais da Parmalat. Os dois auditores sob suspeita «rejeitam categoricamente qualquer situação relacionada com o comportamento fraudulento levado a cabo por outros», lê-se na missiva.

A Deloitte & Touche serviu como auditora principal da Parmalat de 1999 até Janeiro deste ano. A empresa de auditoria diz que reviu 51% dos bens da Parmalat até ao fim de 2002 e que não foi requerido que verificasse as auditorias dos restantes bens do grupo, feitas por outras empresas de auditores. A investigação à falência da Parmalat já levou à detenção de 19 pessoas, entre as quais o fundador do Grupo, Calisto Tanzi e os seus dois filhos.