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Corticeira Amorim quer fábrica na Austrália, mais sobreiros e acabar com o gosto a rolha  

António Rios Amorim alertou para a necessidade de se aumentar a densidade do sobreiro em Portugal. A aposta da Corticeira Amorim vai continuar nas rolhas de cortiça sendo que a empresa pretende também abrir uma nova fábrica na Austrália.

Jorge Miguel Gonçalves
09 de Janeiro de 2020 às 14:08
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A Corticeira Amorim pretende que, no final do ano, todas as rolhas fabricadas pela companhia permitam consumir o vinho da garrafa sem o habitual sabor a rolha.

 

"Vamos finalmente erradicar o problema" do composto químico TCA, disse António Rios Amorim. "No final do ano queremos dar essa garantia ao mercado", prometeu o CEO da Corticeira Amorim.

 

Num evento para assinalar os 150 anos do Grupo Amorim, o CEO da cotada citou este desenvolvimento como um dos fatores que irá impulsionar as vendas da companhia.

 

António Rios Amorim estima que o crescimento da Corticeira Amorim vai "assentar nas rolhas", uma vez que "o consumo de vinho vai aumentar, os chineses vão beber mais vinho, mais premium" e há um potencial de crescimento nas bebidas espirituosas, que são "um mar a conquistar". Além da potencial vantagem competitiva com o fim do TCA.

 

"Temos um grande desafio e compromisso para que todas as rolhas saiam para o mercado sem TCA, o gosto a rolha", disse o CEO, assinalando que "erradicar o TCA vai-nos dar vantagem face aos concorrente e tirar partido da substituição do plástico".

 

A Corticeira Amorim produz 5,5 mil milhões de rolhas por ano em 19 unidades industriais, sendo que esta atividade representa 72% das vendas. "Não há nenhuma aplicação que gere tanto valor como a rolha", disse António Rios Amorim, assinalando que nas rolhas de plástico a produção passou de 4 para 2 mil milhões de unidades.

 

António Rios Amorim destacou que a Corticeira Amorim "tem uma pegada de carbono negativa" e que "por cada tonelada de cortiça retemos 73 toneladas de CO2".

 

Fábrica na Austrália e mais sobreiros em Portugal

 

O gestor revelou que está em fase de construção uma nova fábrica na Austrália, que vai abrir em abril num país onde o negócio da companhia duplicou nos últimos três anos, devido sobretudo à expansão dos vinhos naturais e premium.

 

O investimento nesta unidade é de 3,5 milhões de euros, sendo que este ano ou em 2021 a Corticeira pretende ter uma nova unidade no Chile, numa joint-venture com a maior empresa de vitivinicultura do país e que vai permitir a deslocalização de uma outra unidade fabril.

 

No mesmo evento, o CEO da Corticeira Amorim mostrou preocupação com o abastecimento da matéria-prima, assinalando que a densidade em Portugal está a baixar, pelo que será necessário aumentar a densidade do sobreiro por hectare em sete vezes.

 

"Pedir aos agricultores que invistam a 30 anos é difícil", mas António Rios Amorim assinalou que a rega gota a gota permite baixar o ciclo de extração de 25 para 10 anos, o que "vai melhorar muito a rentabilidade dos produtores florestais".

 

Com este modelo seria possível produzir mais 50 mil hectares de sobreiros em Portugal, o que permitiria aumentar a produção em mais 35% a 40%.

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