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Cimpor sai de bolsa a 34 cêntimos por acção
A Cimpor já não estará em bolsa esta quarta-feira. O pedido de perda da qualidade de sociedade aberta foi aceite pela CMVM. Os accionistas brasileiros pagam 0,34 cêntimos por acção a quem vender. Na OPA de 2012, pagaram 5,50 euros.
A Cimpor vai mesmo sair de bolsa. A exclusão da negociação ocorre depois de o regulador do mercado de capitais dar luz verde ao processo em que a Camargo Corrêa, através da empresa de cimento InterCement, paga 34 cêntimos por acção aos investidores que rejeitaram a saída do mercado bolsista.
"O conselho de administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na sequência do requerimento apresentado em 28 de Junho de 2017 pela Cimpor - Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. (Cimpor), deliberou, em reunião realizada em 26 de Setembro de 2017, deferir, com efeitos a esta data, o pedido de perda da qualidade de sociedade aberta da Cimpor", indica um comunicado oficial divulgado esta terça-feira, 26.
Foi em Junho que a assembleia-geral da Cimpor decidiu a saída de bolsa, com a aprovação da perda da qualidade de sociedade aberta. A Camargo tinha, aí, 95,1% do capital, estando apenas 4,9% noutros investidores, que agora poderão vender as suas participações.
Após a decisão accionista, ficou nas mãos da CMVM a palavra final sobre como tal saída seria feita: ou através do preço determinado pela evolução bolsista; ou através de preço determinado por um auditor independente, como pediam accionistas minoritários. Neste período, não foi contratado nenhum auditor, pelo que foi a cotação em mercado a ditar o preço de 34 cêntimos a pagar aos accionistas que não votaram favoravelmente a decisão.
Camargo gasta até 10 milhões
A Camargo, através da sua InterCement, "obrigou-se a adquirir um máximo de 29.907.603 acções representativas do capital social da Cimpor, pelo preço unitário de 0,340 euros por acção", dentro do "prazo de três meses contados a partir da data de publicação da declaração de perda da qualidade de sociedade aberta da Cimpor pela CMVM (isto é, entre 27 de Setembro de 2017 e 27 de Dezembro de 2017, ambos inclusive)", segundo um outro comunicado, neste caso da Cimpor.
Neste período, decorre uma ordem permanente de compra das acções em causa àquele preço. "Os accionistas interessados em alienar por esta forma as acções da Cimpor de que são titulares [podem] transmitir as suas ordens de venda junto de qualquer intermediário financeiro legalmente habilitado a receber ordens de venda de valores mobiliários", indica a empresa presidida por Ricardo Lima (na foto).
Para isso, os brasileiros podem ter de gastar 10 milhões de euros para comprar os títulos detidos pelos accionistas, visando apenas os que não votaram favoravelmente a deliberação de Junho que visava a perda de qualidade de sociedade aberta. Este montante está depositado junto do Haitong Bank.
Apesar da ordem permanente de compra, não haverá aquisição potestativa: ou seja, quem não quiser vender, não vende.
Não vendendo, ficam accionistas de uma empresa fora de mercado regulamentado, ou seja, com menor liquidez e com menores possibilidades de alienarem as suas posições.
Cimpor fora de mercado pelo menos um ano
Segundo as regras de mercado, a Cimpor não poderá voltar ao mercado regulamentado se essa for a intenção dos accionistas brasileiros.
O Código dos Valores Mobiliários refere que, com a perda de qualidade de sociedade aberta, dá-se a "imediata exclusão da negociação em mercado regulamentado das acções da sociedade e dos valores mobiliários que dão direito à sua subscrição ou aquisição, ficando vedada a sua readmissão pelo prazo de um ano".
A última sessão bolsista da cimenteira foi em terreno positivo. As acções ganharam 0,84% para os 36 cêntimos.
Camargo garantiu que actividades se mantinham
A Camargo Corrêa ficou com quase 95% na Cimpor na oferta pública de aquisição que lançou em 2012 a 5,50 euros por cada título. Nessa altura, a operação resolveu o equilíbrio accionista de então em que a brasileira disputava com a conterrânea Votorantim o controlo da empresa. O empresário Manuel Fino, a Caixa Geral de Depósitos e o fundo de pensões do BCP detinham, cada um, participações em torno de 10%, que venderam à InterCement, empresa da Camargo.
A vida da empresa mudou desde aí, havendo por exemplo venda de vários activos. Contudo, quando convocou os accionistas para decidir sobre a saída de bolsa, a Camargo Corrêa garantiu que não iria modificar as operações da Cimpor.
"A InterCement assegura que com esta proposta não pretende afectar as actividades da companhia em Portugal ou nas restantes geografias onde opera", concretizava.
Esta decisão de saída de bolsa de Lisboa é tomada ao mesmo tempo que a cimenteira argentina Loma Negra, participada da Cimpor, apresentou um pedido à bolsa americana para vir a ser cotada nos Estados Unidos.
(Notícia actualizada com mais informações às 21:25)