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Carta aberta contra a "fraquíssima qualidade da gestão dos nossos governantes"

O patrão dos patrões dos lanifícios escreveu uma carta aberta aos empresários portugueses em que arrasa as críticas do ministro Santos Silva sobre a qualidade da gestão nas empresas nacionais.

O ministro Augusto Santos Silva foi já acusado pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal) de "denegrir injustamente" a imagem dos empresários portugueses. Rodrigo Antunes/Lusa
03 de Janeiro de 2020 às 13:36
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"Na minha modesta opinião, o problema deste país é a fraquíssima qualidade da gestão dos nossos governantes. Não sendo minha intenção denegrir os governos portugueses, e sabendo que esta afirmação corre o risco de ser generalizada, penitencio-me imediatamente por isso", atira o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL), numa contra-resposta a Santos Silva em que replica a forma como o ministro dos Negócios Estrangeiros fez afirmações e se penitenciou sobre a "fraquíssima qualidade da gestão" dos empresários nacionais.

 

Numa carta aberta aos empresários portugueses, José Alberto Robalo, "já com a penitência feita", atacou: "Na nossa qualidade de fraquíssimos gestores empresariais suportamos a maior carga fiscal dos últimos anos, pagamos das faturas de energia e combustíveis mais caras da Europa, uma rede rodoviária cara sem alternativas viáveis e mesmo assim estamos na primeira linha nos esforços para a sustentabilidade, inovação e desenvolvimento."

 

Por outro lado, afirma que não vê que seja "uma conclusão particularmente sagaz e inovadora, defender a contratação de quadros qualificados", afirmando que, "ao fim de quase quatro décadas na indústria", nunca ouviu "algum colega afirmar que não estaria interessado em contratar bons quadros para a sua empresa".

 

Conclusão de Robalo: "Mais uma vez, um governante contribui, com muita qualidade, para a noção errada de que são as empresas que não querem contratar especialistas", reportando-se à afirmação de Santos Silva de que se pode "esperar sentado" se se supõe que o atual tecido industrial português "é capaz, por si só, de perceber a vantagem em trazer inovação para o seu seio e a vantagem em contratar pós-graduados e doutorados".

 

"Não será antes a falta de empresas, que são levadas ao encerramento devido à nada fraquíssima carga fiscal, de que são paradigmas as fraquíssimas políticas económicas que consecutivamente sufocam e bloqueiam o desenvolvimento, principalmente nas zonas periféricas e do interior, condenadas ao esquecimento?", questiona o presidente da ANIL.

 

"Ou, como parece crer o senhor ministro, numa esperança sebastiânica de que surja uma multinacional estrangeira (a quem os nossos governos dão todas as oportunidades, negadas às empresas portuguesas) que salve essa comunidade, sem que o nosso governo tenha que ativamente contribuir com políticas proativas para o desenvolvimento económico?", insurge-se Robalo.

 

"É caso para perguntar, caros colegas, que se nós somos fraquíssimos, quais serão os qualificativos adequados para a gestão dos nossos governantes? Penitenciando-me pela generalização, desde já", remata o mesmo líder associativo.

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