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Canal do Panamá: CK Hutchison adia venda de portos à BlackRock. Pequim abre investigação
Magnata de Hong Kong adia assinatura do acordo que inclui venda das operações dos portos de Balboa e Cristobal, nas entradas do Pacífico e do Atlântico do Canal do Panamá, ao mesmo tempo que Pequim abre investigação.
A CK Hutchison Holdings, do magnata de Hong Kong Li Ka-shing, decidiu não seguir em frente com a assinatura de um acordo, previsto para a semana, para vender dois portos estratégicos no Canal do Panamá, ao mesmo tempo Pequim revelou que vai iniciar uma investigação ao negócio, avança, esta sexta-feira, o South China Morning Post.
Segundo o diário, que cita fonte próxima da empresa, não significa, porém, que o acordo, anunciado em março e que deveria ser firmado a 2 de abril, caia por terra.
Uma unidade da CK Hutchison opera dois dos cinco portos, localizados nas entradas do Pacífico e do Atlântico do Canal do Panamá, que gere cerca de 3% do comércio marítimo global. O Panamá deu, pela primeira vez, a concessão para a gestão dos portos de Balboa e Cristobal ao conglomerado da Região Administração Especial chinesa em 1998 e prolongou-a, em 2021, por mais 25 anos, de acordo com a Reuters.
A informação avançada pelo SCMP surge no mesmo dia em que a Administração Estatal para a Regulamentação do Mercado da China revelou estar a analisar o acordo, avaliado em quase 23 mil milhões de dólares que contempla a venda, por parte da CK Hutchison, de 45 portos espalhados por 23 países, a um consórcio liderado pela BlackRock, a maior sociedade gestora de ativos do mundo.
A investigação - contextualiza - foi anunciada depois de os meios de comunicação pró-Pequim Wen Wei Po e Ta Kung Pao terem perguntado se o acordo em causa exige a aprovação das autoridades regulatórias do país.
A venda por parte do conglomerado de Hong Kong, cuja atividade vai das telecomunicações ao retalho, tornou-se altamente politizada em face das tensões geopolíticas entre as duas maiores economias do mundo.
Aliás, num editorial, publicado a 21 de março, o Ta Kung Pao escrevia que o negócio que estava a ser preparado constituia uma "perfeita cooperação" com a estratégia dos Estados Unidos para conter a China.
E, segundo noticiou, a Bloomberg, as autoridades chinesas deram indicações às empresas estatais para adiarem quaisquer novos acordos com empresas ligadas ao magnata e à sua família.
Isto apesar de, no início do mês, quando questionado sobre a venda dos portos de Balboa e Cristobal pelo conglomerado de Hong Kong, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China Lin Jian recusou-se a comentar. "A China não comenta transações comerciais. Apoiamos e promovemos o investimento e o desenvolvimento no estrangeiro e acreditamos que todas as partes devem proporcionar um ambiente justo e imparcial às empresas envolvidas", declarou.