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Presidente do Panamá responde a Trump: "Cada metro quadrado [do Canal] pertence-nos"

O Presidente eleito dos EUA ameaçou o Panamá com a recuperação da administração do Canal. O Presidente José Raúl Mulino garante que a "soberania e a independência não são negociáveis".

Enea Lebrun/Reuters
23 de Dezembro de 2024 às 12:25
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O Presidente do Panamá José Raúl Mulino respondeu ao Presidente eleito dos Estados Unidos e afirmou que "todos os metros quadrados do canal do Panamá e a sua zona adjacente pertencem ao Panamá e assim vão permanecer".

"A soberania e independência do nosso país não são negociáveis", acrescentou, num vídeo, cujo discurso foi posteriormente publicado na rede social X.

No sabádo, Trump acusou o Panamá de cobrar taxas excessivas pelo uso do Canal do Panamá e disse que, se o país não administrasse o canal de forma aceitável, exigiria que o país o entregasse.

Numa publicação na sua rede social, a Truth Social, Trump também avisou que não deixaria o canal cair nas "mãos erradas" e pareceu alertar para uma potencial influência chinesa na passagem, escrevendo que o canal não deveria ser gerido pela China.

Mulino garantiu que as taxas para o uso do canal são "estabelecidas publicamente e numa audiência aberta, considerando as condições de mercado, a concorrência internacional, os custos operacionais e as necessidades de manutenção e modernização da rota interoceânica".

"O canal não está sob controlo direto ou indireto, nem da China, nem da comunidade europeia, nem dos Estados Unidos, nem de qualquer outra potência", acrescentou também o Presidente do Panamá.

A Reuters recorda que, apesar da China não gerir, nem controlar o canal, uma subsidiária da empresa de Hong Kong CK Hutchinson Holdings tem estado à frente da gestão de dois portos nas entradas do Canal no Pacífico e nas Caraíbas.

Quase à mesma hora da publicação de Mulino, o seu homólogo colombiano, o Presidente Gustavo Petro, reagiu à mensagem afirmando que estava "ao lado do Panamá e na defesa da sua soberania até às últimas consequências".

A publicação de Trump está a ser vista como um exemplo extremamente raro de um líder dos Estados Unidos a pressionar outro país soberano a entregar território e sublinha uma mudança já esperada na diplomacia dos EUA sob a nova administração, segundo a Reuters.


Os Estados Unidos construíram em grande parte o canal do Panamá e administraram o território em torno da passagem durante décadas. Mas o Governo norte-americano entregou totalmente o controlo daquela infraestrutura em 1999, após um período de administração conjunta.

O canal do Panamá, que funciona como um atalho entre o Oceano Pacífico e Atlântico, conta com níveis de água extremamente baixos, o que pode ter implicações a nível global, uma vez que se trata de uma importante rota comercial.

No ano passado, a autoridade do canal estava a dar prioridade às companhias que pagassem mais, dado que a seca tinha reduzido drasticamente o número de travessias possíveis. Foram ainda abertos leilões que permitiam aos clientes que pagassem mais ter prioridade sobre as restantes passagens.

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