Notícia
Buraco das herdeiras do BPN já supera 4,9 mil milhões
A Parvalorem, a Parups e a Parparticipadas registaram capitais próprios negativos de 4,9 mil milhões de euros no final do ano. Um agravamento de cerca de 250 milhões de euros face ao ano passado.
O buraco das sociedades herdeiras do Banco Português de Negócios (BPN) está a caminho dos 5 mil milhões de euros. Os capitais próprios da Parvalorem, Parups e Parparticipadas ascendiam, no final do ano passado, a 4,9 mil milhões de euros negativos.
Os capitais próprios das sociedades veículo que ficaram com os activos do nacionalizado BPN agravaram-se em mais de 250 milhões de euros em 2016, graças aos resultados negativos que todas apresentaram.
Neste momento, mesmo alienando ou liquidando os activos de todas as empresas, ficaram por saldar responsabilidades de 4,9 mil milhões de euros, segundo cálculos do Negócios com base nos relatórios e contas das empresas, publicados esta semana.
A Parvalorem, que ficou com os créditos tóxicos do BPN, é a que mais pesa neste desempenho negativo, já que tem um capital próprio de 3,85 mil milhões de euros. Segue-se a Parups, a sociedade que ficou com a gestão de unidades de participação em fundos de investimento imobiliário, com um passivo 932 milhões de euros superior ao activo. A Parparticipadas, detentora das participações em empresas e bancos, tem a situação patrimonial menos desequilibrada: capital próprio negativo de 144 milhões.
Ao todo, as três sociedades Par – que absorveram os activos e passivos que o BIC não quis adquirir em 2012 quando comprou o BPN – tinham um capital próprio de 4.928 milhões de euros no ano passado. Estas empresas têm tendência para ficar com uma situação patrimonial mais grave já que ficaram precisamente com os activos de pior desempenho do banco fundado por José Oliveira Costa.
Os capitais próprios destes veículos de 4,9 mil milhões deverão representar encargos futuros para o Estado, excluindo os empréstimos que já foram reconhecidos (eram de 2,2 mil milhões de euros em 2015). Os encargos podem, contudo, ser distintos, já que os activos podem ser realizados a valores diferentes dos que estão reconhecidos contabilisticamente.
Mesmo sem incluir os capitais próprios das sociedades, já há perdas registadas: o Tribunal de Contas contabilizava em 3,66 mil milhões de euros as perdas para o Estado com a nacionalização e reprivatização com o BPN até 2016.