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Bloqueio informático no BCP

A Teixeira Duarte, que tem 10% do BCP, pôs ontem ordem na assembleia geral (AG) do banco, quando o caos estava praticamente instalado. Depois de os trabalhos terem recomeçado após um problema informático ter levado à suspensão da reunião, Rogério Alves, a

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A Teixeira Duarte, que tem 10% do BCP, pôs ontem ordem na assembleia geral (AG) do banco, quando o caos estava praticamente instalado. Depois de os trabalhos terem recomeçado após um problema informático ter levado à suspensão da reunião, Rogério Alves, advogado do maior accionista do banco, pediu a interrupção do encontro até 27 de Agosto. E foi isso mesmo que acabou por suceder.

Agora, a construtora tem mais três semanas para fazer contactos com outros accionistas do BCP, na tentativa de encontrar uma solução estável e duradoura para o banco. A posição assumida ontem pelo seu representante mostra que a construtora Teixeira Duarte está empenhada na pacificação do BCP, mesmo que isso leve os seus responsáveis a perderem as férias de Verão. Ainda assim, Pedro Teixeira Duarte recusou ontem fazer qualquer comentário quando confrontado pelo Jornal de Negócios.

"O que está em causa é demasiado importante para que a época estival influencie a sua resolução", alertou o jurista que é bastonário da Ordem dos Advogados. De forma serena e veemente, Rogério Alves deixou também claro que algumas das reivindicações feitas pelos advogados dos accionistas afectos a Paulo Teixeira Pinto tinham razão de ser.

O representante da construtora, que quer ter uma palavra a dizer no futuro do BCP, contrariou os accionistas afectos ao presidente do banco, que pretendiam adiar a AG até meados de Setembro, mas também não fez finca-pé para que a reunião ficasse concluída ontem, como era desejo dos aliados de Jorge Jardim Gonçalves. Antes de o caos se instalar, havia mesmo advogados afectos ao fundador do banco que admitiam que o encontro terminasse a meio da tarde, numa altura em que, do outro lado da barricada, já se sabia que o encontro se poderia prolongar pela noite dentro.

Caos instalado no BCP

Antes da ordem imposta pela Teixeira Duarte, tinha sido o caos. Depois da ofensiva inicial dos advogados dos accionistas afectos a Teixeira Pinto, foi a vez de o sistema informático falhar, o que acontece pela segunda vez na história das AG do BCP. A estreia dos imbróglios informáticos tinha acontecido na reunião de 28 de Maio último, de que Jardim Gonçalves saiu perdedor e Teixeira Pinto animado pelo sentimento da vitória.

Os problemas informáticos aconteceram apesar de ter sido contratado um auditor independente, diferente do tradicional, para validar a contagem dos votos, a PricewaterhouseCoopers, em substituição da KPMG que, tradicionalmente, desempenha este papel. O ónus acabou por recair sobre a Novabase, a empresa encarregue de dar parecer técnico sobre o sistema informático adoptado. Mas quem assumiu a responsabilidade foi Christopher de Beck, o vice-presidente do BCP, que tem a tutela da informática e que foi responsável pela organização logística da AG.

A suspensão do encontro parece ter sido, desde o início da reunião, o resultado desejado pelos accionistas afectos a Paulo Teixeira Pinto. Os advogados de vários investidores que integram o "grupo dos sete", que solicitaram a convocação da reunião, e outros accionistas (como a Sonangol) que apoiam o presidente do BCP, foram pedindo para fazer declarações prévias. A ofensiva estava programada ao milímetro. E se não estava, parecia.

Logo no início dos trabalhos, o presidente da mesa da AG interrompeu a reunião por 15 minutos. O intervalo serviu para os advogados acertarem estratégias. Com o recomeço da reunião, recomeçaram as intervenções dos juristas. Mas, desta vez, a primeira palavra coube a Cortes Martins, advogado da Têxtil Manuel Gonçalves, para criticar Teixeira Pinto por ter retirado a proposta de alargamento da administração. Se os advogados dos sete tinham a artilharia jurídica afinada, Cortes Martins mostrou que os accionistas alinhados com Jardim Gonçalves também não deixaram os seus créditos por mãos alheias. A ofensiva jurídica foi protelando o encontro e desesperando alguns pequenos accionistas. O problema informático acabou por evitar o ambiente de confronto, quase físico, que parecia prestes a tomar conta da AG.

De tal forma que alguns accionistas preferiram sair da sala e do edifício, para "descomprimir". "Porque o ambiente está denso dentro da sala", reconheceu um accionista ao Jornal de Negócios.

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