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ANA admite usar geolocalização para melhorar segurança nos aeroportos

CEO da gestora dos aeroportos sublinha que nos incidentes graves registados no Porto e em Ponta Delgada não existiram falhas de equipamentos da ANA e garante que vai além das obrigações regulatórias.

Miguel Baltazar/Jornal de Negócios
Hugo Neutel hugoneutel@negocios.pt 14 de Fevereiro de 2023 às 16:18
O CEO da ANA – Aeroportos de Portugal afirma que a empresa está a analisar a possibilidade de usar tecnologia de geolocalização para melhorar a segurança e ajudar a prevenir incursões em pista.

A possibilidade foi avançada por Thierry Ligonnière na comissão parlamentar de Economia, no âmbito de requerimentos do Chega e do PSD sobre os incidentes que aconteceram em 2021 e 2022 nos aeroportos Sá Carneiro e Ponta Delgada.

Em ambos os casos, veículos "follow me" entraram em pista em simultâneo com aeronaves. "Foram dois eventos de incursão de pista, o que significa que houve uma autorização dada simultaneamente a uma aeronave que estava num percurso de descolagem ou aterragem e a uma viatura para estar na mesma pista para realizar tarefas operacionais", afirmou o CEO da gestora dos aeroportos nacionais.

O controlo do tráfego aéreo – incluindo as autorizações para aterragem, descolagem e entrada de veículos nas pistas dos aeroportos – são da responsabilidade da NAV e não da ANA.

Os incidentes, que terminaram sem consequências, foram noticiados pelo Expresso em dezembro. No primeiro, no aeroporto Sá Carneiro, um veículo foi autorizado pela torre de controlo quando um avião se preparava para descolar.

O segundo foi em tudo semelhante, com uma exceção: havia uma aeronave prestes a aterrar. Os incidentes foram alvo de um inquérito do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Em ambos houve procedimentos de emergência, ficando os veículos e os aviões separados por poucas centenas de metros.

"Não se pode minimizar nenhum incidente na aviação. A segurança é a primeira prioridade e um compromisso absoluto. Foram eventos muito graves", admitiu Thierry Ligonnière. "Eu sou o accountable manager para a atividade nos aeroportos portugueses, não minimizo nada", assegurou.

No relatório, o GPIAAF fez duas recomendações à ANA. A primeira está relacionada com os equipamentos de rádio usados nos veículos follow me, e a segunda tem a ver com a padronização dos procedimentos de inspeção de pista.

A reação da ANA às conclusões do GPIAAF "foi positiva e tentámos retirar de lá coisas que permitam melhorar", assegurou, acrescentando que "não houve qualquer problema nos rádios".

Ligonnière garantiu mesmo que a ANA vai além das obrigações regulatórias, com a instalação de rádios unidirecionais nas viaturas, que permitem aos ocupantes dos veículos "follow me" escutar em permanência o diálogo entre a torre de controlo e os pilotos.

"Gostamos de ter redundância nos equipamentos, embora implique custos", disse, "porque a probabilidade de dois equipamentos ficarem com dificuldades em simultâneo é rara".

A possibilidade introduzir tecnologias de geolocalização para conferir maior segurança às operações é algo que a ANA "está a discutir", admitiu. "O 'geofencing’ seria uma melhoria significativa de segurança e prevenção contra as incursões de pista", indicou.
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