O presidente da Anacom, Amado da Silva, referiu ontem à noite que lhe faz confusão que uma empresa que invista fortemente em infra-estruturas seja depois obrigada a ceder o seu uso a terceiros, admitindo blindar novas redes da PT.

"Não nos podemos esquecer que herdámos algumas situações históricas que resultaram em alguns princípios de abertura, mas será legítimo transferir essa ideia para agora, quando quem investe já o faz com o seu próprio dinheiro e risco?" referiu o presidente do regulador das comunicações, sublinhando, porém, que falava de um ponto de vista pessoal.

"Uma empresa construir infra-estruturas e depois ter que as colocar acessíveis a todos, faz-me alguma confusão" referiu o responsável no jantar ontem promovido pela APDC. "Se queremos promover a inovação temos que ter condições para isso" apontou mesmo.

Questionado posteriormente se com isto queria indicar um período de férias regulatórias – "blindar" uma nova infra-estrutura da PT ao uso de operadores alternativos – Amado da Silva adiantou que tal "dependerá da análise que façamos", sublinhando que "não há razão para a PT construir e dar lugar aos outros, mas depende das condições".

"Na situação inicial não havia risco" apontou o presidente da Anacom, sobre o facto da Portugal Telecom ter herdado a rede actual da PT Comunicações, questionando depois se "será legítimo" transferir as obrigações da PT Comunicações em ceder a sua rede para uma situação em que o Grupo de Henrique Granadeiro já tenha investido do seu próprio bolso e correndo alguns riscos numa infra-estrutura própria.

O presidente da Portugal Telecom, presente no mesmo jantar, apontou aos jornalistas que as declarações de Amado da Silva são "boas notícias" para a operadora portuguesa.