A FIFA vai anunciar esta sexta-feira as suas conclusões sobre a propriedade de terceiros no mundo do futebol, segundo avança a BBC. Por outras palavras, a organização presidida por Joseph Blatter deverá anunciar novas regras, ou num caso mais extremo, a proibição da partilha dos direitos económicos de futebolistas entre clubes, fundos de investimento e, ou, empresários.

O comité executivo da FIFA esteve esta quinta-feira reunido em Zurique para tratar este tema, no seguimento da crescente pressão imposta pela UEFA que defende a extinção da modalidade que consiste na propriedade de terceiros dos passes de futebolistas, o que tem permitido a vários fundos de investimento e empresários de jogadores acumularem lucros com as valorizações dos passes dos jogadores enquanto estes "rodam" em campeonatos de menor expressão.

O secretário-geral da UEFA, Gianni Infantino, ameaçou recentemente que a organização que tutela o futebol europeu poderia avançar, por iniciativa própria, com legislação relativa à propriedade de terceiros se a FIFA não agisse.

O recurso a este tipo de modalidade é cada vez mais comum em Portugal, até porque a partilha dos direitos económicos dos futebolistas possibilita aos clubes com menor fôlego financeiro assegurarem os direitos desportivos de jogadores cuja totalidade do passe não estaria ao seu alcance em termos financeiros.

Do lado contrário da moeda encontra-se a Inglaterra, porque o campeonato inglês não permite aos clubes ingleses a partilha dos direitos económicos dos futebolistas. Os clubes ingleses são obrigados a adquirir a totalidade do passe dos futebolistas.

Um exemplo com repercussões em Portugal foi a recente transferência do futebolista francês Eliaquim Mangala do FC Porto para o Manchester City. Os dragões detinham apenas 56,7% do passe de Mangala, mas o City teve que adquirir os 100% do passe. Foi inclusivamente levantada uma polémica que resultou do facto de o City não ter divulgado os custos da operação que pressupôs a aquisição dos restantes 43,3%, até porque poderia estar em causa um eventual incumprimento das regras do fair-play financeiro imposto pela UEFA.

No entanto, a notícia avançada esta manhã pela BBC poderá significar que a FIFA está na disposição, não apenas de se aproximar da UEFA, mas de fazer frente às pressões de importantes confederações do futebol mundial como as do Brasil e Argentina. Estes dois países são dos principais beneficiadores das transferências segundo uma modalidade de propriedade de terceiros.