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Regulador espanhol pode obrigar Soros a lançar OPA sobre a FCC
A Comissão Nacional do Mercado de Valores entende que o acordo entre Esther Koplowitz e George Soros exclui as famílias fundadoras do controlo da FCC. O regulador informou que qualquer pacto parassocial requer lançamento de OPA.
A FCC prevê aprovar nesta quinta-feira, 20 de Novembro, em assembleia geral de accionistas uma ampliação de capital no valor de 1.000 milhões de euros, através da qual o investidor norte-americano, George Soros, passará a ser um accionista de referência do grupo construtor, com uma participação de 25%.
George Soros, que já possui 4% da FCC negociou com a principal accionista e presidente do grupo, Esther Koplowitz, através de um pacto parassocial para lhe comprar todos os seus direitos no aumento de capital da FCC. Após a operação, Soros passará a ter 25% da companhia e Koplowitz reduzirá a sua posição de 50,15% para 25%.
Com esta ampliação de capital o grupo espanhol espera reforçar seu capital e, igualmente, diminuir sua dívida. Mas segundo informações publicadas nesta segunda-feira, 17 de Novembro, no jornal "El Confidencial", o regulador espanhol, a Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV), poderá opor-se ao acordo estabelecido entre Koplowitz e Soros.
A CNMV, segundo informa o jornal espanhol, entende que qualquer pacto parassocial requer o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA). Por esta razão, o regulador deverá opor-se a que Soros e Koplowitz anulem o pacto que a empresária já tinha previamente com a família Martínez-Zabala (herdeiros das Bodegas Faustino) e com a família Aguinaga, cujas acções estão actualmente nas mãos do Caixabank.
As três partes (Koplowitz, a família Martínez-Zabala e o Caixabank) detêm actualmente 50,1% do capital da FCC, sendo que partilham o controlo do conselho de administração. Contudo, os donos das Bodegas Faustino e o Caixabank anunciaram que vão vender as suas participações no grupo, isto numa altura em que Esther Koplowitz não tem capital para subscrever a ampliação de capital. Foi neste contexto que estabeleceu um acordo com o investidor de origem húngara. George Soros, após seis meses de negociações, aceitou comprar os direitos preferentes das acções detidos por Esther Koplowitz. Desta maneira, com o dinheiro captado, a presidente executiva da construtora pode pagar os juros da sua dívida pessoal.
Nesta linha, a presidente da FCC pretende assinar um pacto parassocial - similar ao que tinha com os Zabala e os Aguinaga - com George Soros. Deste modo, com a soma das participações de ambos, os dois teriam o controlo da metade do capital da companhia, com o que poderiam blindar a FCC perante qualquer tentativa de compra hostil, como aconteceu em 2003, quando a também espanhola Acciona tentou comprar a FCC, depois de ter adquirido 15% do grupo.