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Paulo Portas contratado pela Mota-Engil
O ex-líder do CDS vai ser consultor da construtora de António Mota, ocupando o cargo de líder do novo Conselho Internacional da Empresa, de acordo com uma notícia avançada pelo Expresso que o Negócios já confirmou.
Paulo Portas vai trabalhar para a Mota-Engil, ocupando o cargo de responsável do novo Conselho Internacional da Empresa. A notícia foi avançada pelo Expresso e confirmada pelo Negócios. Contactada, a Mota-Engil não comentou a informação.
De acordo com o jornal, será o anterior vice-primeiro-ministro a reunir o conjunto de personalidades que irá constituir este órgão de aconselhamento estratégico da Mota-Engil, que terá como foco prioritário o mercado da América Latina, onde a construtora acredita ter maior potencial de crescimento.
Segundo apurou o Negócios, a Mota-Engil decidiu contratar Portas devido ao trabalho desenvolvido por este enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros, altura em que desenvolveu amplos conhecimentos em África e na América Latina.
Em declarações ao Expresso, Portas nega a existência de incompatibilidades no novo cargo, apesar de enquanto governante ter liderado várias missões empresariais em que a construtora participou.
O ex-líder do CDS, que se despediu do Parlamento na semana passada, afirma que nunca teve a tutela directa do sector das obras públicas e recorda que a Mota-Engil foi apenas uma das muitas empresas que participou nas missões empresariais promovidas pela AICEP e pelo Governo.
"A Mota-Engil é uma das empresas portuguesas mais internacionais. Eles, como mais de quinhentas outras empresas, estiveram nalgumas missões empresariais, nas quais se inscreveram através da AICEP. Não iam, como não ia nenhuma, a convite meu. Vi lá fora aquilo que eles são capazes de fazer e de ganhar. Lutei com eles lá fora, como lutei por ‘n’ outras empresas", afirmou ao Expresso.
"Como ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro sempre lutei para que as empresas portuguesas, em igualdade de circunstâncias, pudessem ganhar contratos, mercados e oportunidades. Foi o que fiz durante quatro anos com centenas de empresas, porque era esse o melhor serviço que podia prestar ao meu país", acrescentou.
CCIP, TVI, conferências, consultoria e CDS
O cargo na Mota-Engil não será o único de Paulo Portas. Depois da tomada de posse do Governo de António Costa, Portas anunciou que iria abandonar a vida política, tendo optado por não concorrer à liderança do partido, cargo que ocupou durante cerca de 15 anos.
Paulo Portas anunciou na altura que queria estar ligado ao mundo empresarial, tendo desde então já assumido o cargo (não remunerado) de vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. E também que vai passar a comentar a actualidade semanalmente no Jornal das 8 da TVI.
"Estou a preparar uma vida profissional que não depende só de mim. Haverá um momento em que eu vos direi o que vou fazer. São várias coisas, saberão tudo no momento certo", afirmou Portas quando foi substituído por Cristas na liderança do CDS.
De acordo com o Expresso Diário desta segunda-feira, Portas vai também entrar no circuito internacional de colóquios e conferências, tendo para o efeito já assinado um contrato com a Thinking Heads. E além da Mota-Engil, pretende ser consultor de outras companhias estrangeiras, sobretudo sedeadas no Golfo e na América Latina. "Será uma consultoria estratégica, institucional e empresarial, sem qualquer ligação ou interesses em Portugal", contou ao Expresso, afirmando que "estou a fazer um reset completo da minha vida".
Promete contudo não se desligar do CDS. Vai ajudar na formação política permanente dos jovens do partido. "Terei o comportamento que se pede aos ex-presidentes: sóbrio o mais possível, e, nas horas especiais, presente".
(notícia em actualização)