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Lafarge disponível para fornecer cimento para muro de Trump
O CEO da cimenteira diz que a empresa é alheia à política e que quer contribuir para o desenvolvimento dos EUA. O MNE francês avisa: há clientes da LafargeHolcim que ficaram espantados e as empresas também têm responsabilidade social.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Marc Ayrault, aconselhou a empresa produtora de cimento LafargeHolcim a ponderar bem a intenção de fornecer matéria-prima para a construção do muro na fronteira com o México pretendido por Donald Trump.
"Eu não tenho poderes, estamos num Estado em que as empresas têm a sua própria responsabilidade, mas é preciso que essas empresas reflictam bem. (...) A empresa [Lafarge] deve reflectir com base nos seus interesses. Há outros clientes no mundo que verão isto com alguma estupefacção," afirmou o governante em entrevista à rádio France Info esta quinta-feira, 9 de Março.
As declarações do MNE gaulês surgem depois de, em entrevista à France Presse, o CEO da LafargeHolcim, Eric Olsen, ter dito que a empresa estava preparada para fornecer materiais para o muro.
"Somos a primeira cimenteira nos EUA (...) Estamos aqui para apoiar a construção e o desenvolvimento do país," afirmou àquela agência, acrescentando que a LafargeHolcim não é uma "organização política", quando questionado sobre o melindre que esta declaração poderia envolver.
"A Lafarge diz que não faz política (…). Muito bem, mas eu lembro que as empresas (…) também têm responsabilidades sociais e ambientais," contrapôs mais tarde o responsável pela política externa de Paris.
A mesma posição de neutralidade política foi reclamada, durante a entrevista, quando Olsen foi confrontado com o facto de a empresa ter financiado indirectamente grupos armados na Síria entre 2013 e 2014 para proteger as suas instalações no país e com a possibilidade de a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, vir a ser eleita presidente de França nas eleições de Abril e Maio.
A promessa do presidente norte-americano Donald Trump de construir um muro entre os EUA e o México, feita ao longo da campanha eleitoral, mantém-se de pé. Na alegada tentativa de travar a imigração ilegal e a entrada em território norte-americano de pessoas que realizem actividades criminosas, Trump já prometeu mesmo fazer o México pagar pelo muro.
O preço da construção da infra-estrutura está avaliado em cerca de 2.000 milhões de euros mas até ao momento a administração Trump só disporá de 20 milhões de euros de financiamento.