Cerca de um ano depois do anúncio do Brexit, a Unilever informou que vai concentrar a sua sede social em Roterdão. A empresa garante, contudo, que a sua decisão nada tem a ver com a saída do Reino Unido da União Europeia. Trata-se, antes, de uma decisão de simplificação da sua estrutura.

Desde 1930, altura em que se formou em resultado da fusão entre a Margarine Unie (holandesa) e a Lever Brothers (britânica), que a Unilever dividia a sua gestão entre os dois países. São feitas duas assembleias gerais anuais, tinha dois conselhos de administração em cada um dos países e sujeitava-se a dois quadros regulatórios diferentes.

A decisão agora anunciada passa por concentrar a gestão na Holanda, em detrimento do Reino Unido. Segundo a empresa, citada pela Reuters, a decisão não terá implicações nos postos de trabalho no Reino Unido, já que serão transferidos "um número pequeno de trabalhadores para a Holanda", permanecendo o grupo cotado nas mesmas três praças financeiras: Londres, Amesterdão e Nova Iorque.

Apesar da coincidência temporal, a multinacional do consumo garante também que a decisão nada tem a ver com o Brexit.

"Escolhemos a Holanda simplesmente porque a companhia na Holanda é bastante maior do que a britânica", segundo o administrador financeiro, citado pela Fortune. Na Holanda, o grupo concentrará 55% do seu capital social na Holanda, um mercado que também apresenta maior liquidez.

A decisão da empresa surge também um ano depois de ter lutado contra uma oferta de aquisição da norte-americana Kraft Heinz, que tem Warren Buffett como um dos principais accionistas.

Os analistas ouvidos pela Reuters admitem que esta reestruturação torne a empresa mais robusta contra futuras ofertas hostis, uma vez que a legislação holandesa é mais protectora do que a britânica neste domínio. 

Em Portugal, a Unilever é parceira da Jerónimo Martins.