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Primeiro-ministro holandês sob fogo cruzado por cortar imposto sobre dividendos

Depois de revelados documentos que mostram o lobby da Unilever e Shell para que o imposto sobre dividendos fosse mudado, Mark Rutte pode ter de responder, novamente, no Parlamento.

Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda
Negócios 25 de Abril de 2018 às 15:59
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O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, está sob fogo cruzado da oposição e poderá ter de responder novamente ao parlamento do seu país para explicar o que levou o seu governo por fim à aplicação de uma taxa sobre dividendos de 15% que prejudicava empresas como a Unilever e a Shell.

Mark Rutte tinha garantido não se lembrar do processo legislativo que resultou na retirada do imposto, mas, pressionado, acabou por revelar os documentos oficiais sobre o processo.

E, segundo a imprensa internacional, os documentos mostram como a Unilever manteve conversas sobre o processo e só depois terá decidido ficar com a sede unicamente na Holanda. Até agora a sede era partilhada entre a Holanda e o Reino Unido.

A Reuters escreve que o fim da aplicação de imposto sobre dividendos está agora no centro da tempestade política que afecta Mark Rutte, que por várias vezes disse não ter memória do processo legislativo que levou à mudança nos impostos sobre dividendos. Os partidos da oposição não descartam, escreve a mesma agência, avançar no Parlamento para um moção de censura.

A Unilever, nos documentos revelados, considera o fim do imposto "decisivo" para a tomada de decisão sobre a sede. O fim do imposto foi anunciado em Outubro, no âmbito do acordo de governo de centro-direita, que permitiu a Mark Rutte voltar a ser Governo. Na altura, o governo explicou que a medida pretendia promover o emprego e atrair investimento estrangeiro, enquanto a oposição criticou esta benesse de 1,4 mil milhões de euros para os estrangeiros.

Depois de dizer não se lembrar do processo, Rutte, mais tarde, disse que os documentos não podiam ser revelados por serem confidenciais. Mas depois das pressões o seu Governo publicou um ficheiro de 12 memos, de 50 páginas, que descreviam o processo que demorou meses.

E, segundo a Reuters, os documentos mostram políticos, inicialmente a favor do imposto, a serem persuadidos pelas grandes multinacionais.

Rutte ainda não fez qualquer comentário desde que os documentos foram libertados. E à Reuters a Shell diz que sempre se opôs à taxa, enquanto a Unilever não comentou. Mas a oposição diz que Rutte perdeu credibilidade.

Um desses documentos foi, mesmo, partilhado com Rutte e outros endereços do ministério da Economia de Eric Wiebes, incluindo os preparativos para um encontro com o CEO da Unilever, Paul Polman, sobre a matéria. As duas empresas têm mantido co-sedes no reino Unido e Holanda. 

Wiebes também disse não se lembrar dos documentos.
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