A companhia sueca Ikea, dona de quatro lojas em Portugal, está a proceder à recolha de 29 milhões de cómodas e aparadores, nomeadamente do modelo Malm, que foram vendidos na América do Norte.

Contactada a Ikea Portugal, fonte oficial garantiu que o país não será alvo nem de recolha, nem de ressarcimento aos clientes, admitindo contudo que "as cómodas Ikea são dos produtos com maior aceitação no mercado português". 

A recolha – uma das maiores alguma vez ocorridas nos EUA, segundo a Bloomberg – vem na sequência de acidentes, que aconteceram desde 1989, que alegadamente estão associadas à morte de seis crianças pequenas, segundo as autoridades norte-americanas. As vítimas mortais tinham todas menos de três anos de idade.

Ao não estar fixa na parede, e sendo alvo de peso quando as gavetas estão abertas - nomeadamente por uma criança pequena - a cómoda corre o risco de voltar-se, uma possibilidade aumenta quanto mais alta for.

A Comissão de Segurança de Produtos ao Consumo dos EUA (CPSC, na sigla original), no comunicado emitido esta terça-feira, 28 de Junho, em conjunto com a sua congénere canadiana, explica que são visados "cerca de oito milhões de cómodas e aparadores Malm e 21 milhões adicionais de cómodas e aparadores de crianças e adultos nos EUA", a que se juntam 6,6 milhões de unidades vendidas no Canadá desde 1993.

A medida é tomada em cooperação com Ikea norte-americana e visa as cómodas Malm de três, quatro, cinco e seis gavetas e ainda outros modelos, quer para mobiliário de adultos, como de crianças. "A recolha dos modelos Mal foram vendidos [nos EUA e Canadá] entre 2002 e Junho de 2016, com valores entre 70 e 200 dólares", explicam no comunicado.

Portugal está, de acordo com as autoridades canadianas, entre os 12 países envolvidos no fabrico dos móveis afectados. O braço industrial da Ikea no país tem uma unidade fabril em Paços de Ferreira.

A preocupação das autoridades norte-americanas e a análise dos produtos tem, pelo menos um ano. A 22 de Julho de 2015 a CPSC e a Ikea anunciaram um programa de reparação para as cómodas e aparadores que incluíam um "kit de fixação à parede gratuito" para os modelos Malm, além de outros tipos de móveis similares da marca sueca.

As autoridades concluem que "os consumidores devem deixar de usar imediatamente qualquer das cómodas alvo de recolha que não estejam fixadas de forma apropriada à parede e colocadas numa área em que as crianças possam ter acesso". E aconselha os consumidores a "contactar a Ikea para escolher entre duas opções: compensação pelo custo ou obtenção de um kit de fixação à parede grátis".

No caso dos EUA e Canadá, a autoridade de segurança ao consume confere direito de compensação "por inteiro" para cómodas e aparadores fabricados entre Janeiro de 2002 e Junho de 2006".

(Actualizado às 16:51 de quarta-feira, 29 de Junho, com posição oficial da Ikea Portugal).