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Ikea prepara “abanão” na estrutura

O plano, que pretende adaptar a empresa de origem sueca aos desafios do futuro, pode efectivamente dividir a empresa em duas e alterar o modelo de funcionamento da cadeia de mobiliário, avança a Reuters.

Negócios 15 de Abril de 2016 às 11:18
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A Ikea está a discutir, ao mais alto nível, o maior "abanão" na sua estrutura das últimas décadas. Os executivos da empresa têm referido que as mudanças são para transportar a empresa para o futuro e adaptar a cadeia de mobiliário sueca aos novos gostos dos clientes. Mas as alterações podem também ser motivadas por questões fiscais, segundo a Reuters, e há académicos que alertam para o perigo de perturbação do modelo de negócios de sucesso da empresa.


As alterações passam pela Holanda e pelo Liechtenstein, respectivamente, e começaram na realidade em Junho, quando o grupo anunciou a intenção de transferir a propriedade de algumas entidades operacionais para uma pequena empresa baseada em Delft, que detém a marca Ikea desde essa altura.


A Reuters conta que a decisão de mudar a organização desenhada pelo fundador Ingvar Kamprad nos anos 80 foi tomada numa reunião secreta perto de Copenhaga em 2014. Nessa reunião estava a gestão da Inter Ikea, liderada pelo filho de Kamprad, Mathias e detida por uma fundação do Liechtenstein.  Esta sociedade é relativamente pequena no universo Ikea, com 1.500 colaboradores, dentro de um universo de 160 mil no grupo, que tecnicamente é uma sociedade baseada em Leiden (Holanda) e chamada INGKA Holding.


Esta sociedade gere quase tudo o que os clientes reconhecem como sendo Ikea – lojas, design de mobiliário, produção e logística. Mas a Inter Ikea detém os direitos da marca, patentes e processos de negócio.  Os líderes desta sociedade reconhecem que não registou grandes mudanças e que serviu, essencialmente, para reduzir a factura dos impostos.  


E foi por isso que os directores da Inter Ikea quiseram que alargasse o seu papel para tomar conta do design, produção e logística.

Mudança de paradigma?


Os executivos reconhecem que o conceito tem que mudar mais fundamentalmente para satisfazer o número crescente de clientes que querem lojas Ikea no centro das cidades e a possibilidade de comprar online e levantar os produtos em pontos de "drop off". O CEO da Inter IKEA Systems B.V, Torbjorn Loof (que tem o design) disse à Reuters que para isso acontecer é preciso controlar as funções chave, como a logística. Players online, como a Amazon, estão a complicar a vida à concorrência.


As alterações debatidas antes na Ikea apontavam para a ideia de divisão por regiões (América do Norte, Europa e Ásia). Mas isso nunca aconteceu. Com o novo plano, a INGKA fica apenas com a gestão das lojas. As mudanças têm causa preocupações dentro do grupo.


Ainda que a gestão aponte a estratégia como principal, alguns advogados contactados pela Reuters apontam vantagens fiscais no novo modelo. Isto porque os activos podem ser retirados mais facilmente de uma fundação no Liechtenstein do que na Holanda. Mas os juristas avisam que o modelo das sociedades não está bem desenhado para isso.



O fundador da Ikea, Ingvar Kamprad colocou quase todas as operações na INGKA Holding, detidas por uma fundação holandesa há mais de 30 anos. A propriedade intelectual passou para a Interogo, de Delft, que licenciou os direitos à Inter Ikea, que está na posse de uma fundação do Liechtenstein. A INGKA paga 3% da sua facturação para usar a marca e o processo. Tecnicamente a INGKA é um franchisado da Inter Ikea. 



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