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"Começámos a estudar e vamos agora contratar os bancos" para pôr o retalho em bolsa
A Sonae está a contratar os bancos para estudar a listagem de um portefólio de retalho, garantindo que não tem medo de dar mais informação ao mercado nem de se sujeitar à crítica dos analistas e à vontade de outros accionistas.
Os bancos que irão apoiar o estudo da possível colocação do negócio do retalho em bolsa "estão próximos" de serem escolhidos, mas os responsáveis da Sonae foram poupados nas explicações ou nos detalhes sobre esta operação, admitida no comunicado de apresentação dos resultados do grupo relativos ao exercício de 2017.
E a razão apontada para negar essas informações aos jornalistas, durante a conferência de imprensa realizada na Maia em que voltou a atirar farpas à Altice, é tão simples quanto esta: "porque não sabemos". "Nós vamos mesmo começar a estudar. Foi este mesmo o momento em que começámos a estudar, vamos agora contratar os bancos", referiu Paulo Azevedo, sabendo apenas que "há interesse" por parte dos investidores em estarem expostos directamente ao retalho, já que o grupo está cada vez mais diversificado.
"E sabemos pelo nosso desenvolvimento normal interno que existe vontade de dar mais autonomia às equipas de gestão e mais capacidades completas – e que também estamos em condições de o fazer porque temos essas equipas. Se houver interesse, vamos estudar. Nunca tivemos medo de ter muitas empresas cotadas, de ter de dar mais informação ao mercado, de estarmos mais sujeitos as críticas e às avaliações de analistas e à vontade de outros accionistas", sustentou o chairman e co-CEO, rejeitando comparações com a listagem da Modelo Continente, que acabou por sair de bolsa em 2006.
Ângelo Paupério salientou, por outro lado, que "em nenhum dos cenários se coloca sequer a possibilidade de perda de controlo da empresa", frisando que "é cotar integrado na estratégia de autonomização de negócios, que permite também ao mercado e aos investidores aceder directamente ao capital das empresas". E também que, a acontecer, seria um processo organizativo idêntico ao que têm hoje a Sierra ou na NOS e que "não está em causa – estudado, pelo menos – nada que passe por alterar a configuração" na holding, pela cisão do negócio.
Paulo Azevedo completou que "não é de todo o caso, como aconteceu no passado com a Sonae Indústria e a Sonae Capital", ambas cotadas em bolsa, em que consideraram que não fazia parte da visão de futuro terem uma holding com capacidade de acrescentar valor e de gerir negócios tão distintos quanto esses. Portanto, tratando-se de um negócio de retalho, que "está completamente no ‘core’ do que é a Sonae – tal como aconteceria se fosse na área das telecomunicações –, o gestor frisou que não há "qualquer cenário, projecto ou objectivo de ‘spin-off’".
No comunicado que tinha enviado esta manhã à CMVM, a Sonae tinha indicado que "o Conselho de Administração está actualmente a analisar a possibilidade de listar um portefólio de retalho, no qual a Sonae SGPS irá manter a participação maioritária", salientando que pretende "proporcionar a autonomia necessária a cada negócio no sentido de os tornar mais ágeis e criando assim mais valor para os accionistas".