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Aventura da Jerónimo Martins nos Andes começou há três anos

A operação retalhista do grupo Jerónimo Martins na Colômbia arrancou a 13 de Março de 2013, com a marca Ara. A ambição latino-americana mantém-se a mesma, três anos depois.

13 de Março de 2016 às 00:01
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"Gostamos da América Latina, como um todo", afirmou Pedro Soares dos Santos recentemente. O presidente do grupo que há pouco mais de uma semana anunciou uma melhoria dos lucros de 10,5% (para 333,3 milhões) e de vendas de 8,3% (para 13,72 mil milhões de euros) não esconde a ambição do grupo para a região, onde entrou há três anos.

"Temos três anos só de operação, fazemos três anos no dia 13 de Março" na Colômbia. Qual é o limite de crescimento? "Se me pergunta agora, é o céu. É muito cedo para dizer qual é o limite. Nós ainda estamos na fase de aperfeiçoamento do conceito. A partir daí, depois… vamos voar. Mas acreditamos que vamos crescer bastante", diz o líder da JM.

Quando questionado sobre para onde vai "voar" a maior companhia de distribuição portuguesa a partir da Colômbia, Pedro Soares dos Santos é claro: "Nós já definimos isso há muito tempo. A Aliança do Pacífico é o nosso objectivo. É sempre pela Aliança do Pacífico [que se fará a expansão]. Por agora".

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Nós já definimos isso há muito tempo. A Aliança do Pacífico é o nosso objectivo. É sempre pela Aliança do Pacífico. Por agora".

Pedro Soares dos santos Presidente da JM SGPS, a 4 de Março de 2016

Criada em 2012, a Aliança do Pacífico é um dos mais recentes blocos económicos mundiais. Tem como os membros fundadores, além da Colômbia, o Chile, o México e o Peru, a que se juntou em 2013 a Costa Rica.

Mas, dentro daquele grupo de Estados, há diferenças na percepção do risco, segundo o gestor: "O México é um continente. Não é um país, é um continente. O Brasil é um continente, o México também. São países, cujo balanço, da Jerónimo Martins, ainda não dá para lá chegar".

A JM já esteve no Brasil, e a experiência, que terminou na viragem deste século, foi já dada várias vezes pelo anterior presidente da companhia, Alexandre Soares dos Santos, como exemplo de lição de gestão para a retalhista. "Quando tivemos que sair do Brasil, única e simplesmente, não foi por erros do Brasil, foi por erros cometidos pela ‘holding’ em Portugal", reconheceu o antigo presidente da JM, em 2012. "A companhia no Brasil estava a funcionar bem, a ‘holding’ é que não tinha dinheiro para emprestar", acrescentou na altura.

cotacao Quando tivemos que sair do Brasil, única e simplesmente, não foi por erros do Brasil, foi por erros cometidos pela ‘holding’ em Portugal."

Alexandre Soares dos santos Ex-presidente da JM SGPS, a 18 de Janeiro de 2012


Dez anos depois, a JM voltou ao continente americano, apostando na Colômbia com terceiro pólo de desenvolvimento. A confirmação oficial veio a 27 de Outubro de 2011, pondo fim a rumores e notícias que circulavam desde meados de 2010.

"Na sua reunião de 25 e de 26 de Outubro, o conselho de administração de Jerónimo Martins, depois de analisar as diferentes opções de diversificação geográfica, decidiu escolher a Colômbia como o novo mercado a entrar", anunciou o grupo, em comunicado à CMVM naquela data.

Estava apontado o terceiro mercado estratégico para a JM – que opera desde 1995 no retalho alimentar na Polónia, com a Biedronka, e desde 1985 com o Pingo Doce em Portugal, onde detém ainda a grossista Recheio e a parceria industrial (a 45%-55%), com a anglo-holandesa Unilever.

No final de 2011 era anunciado o investimento de 400 milhões na Colômbia e a ambição de estar no top 3 do retalho alimentar daquele país no prazo de cinco anos.

"Precisamos de 1,5 mil milhões de dólares (1,14 mil milhões de euros) em vendas por ano para estar nas três melhores", afirmou o administrador executivo da JM em Março de 2012, Alan Johnson. Na sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo (em Janeiro desse ano), o gestor, que foi substituído três anos mais tarde, defendia ainda: "Acredito que as aquisições vão desempenhar um papel" nessa expansão, declarou.


cotacao A abertura das primeiras lojas poderá ocorrer entre o quarto trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2013."  Fonte oficial da JM SGPS 12 de setembro de 2012



O início da operação no mercado colombiano, contudo, acabou por sofrer um atraso de um ano, relativizado pela JM. "A abertura das primeiras lojas poderá ocorrer entre o quarto trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2013", disse fonte oficial da JM em meados de 2012. "Não faz sentido falar de 'atraso'", acrescentou. "No arranque de um negócio, sobretudo de um negócio construído de raiz, existem tantas variáveis para gerir que o mês exacto da abertura não é certamente o mais relevante", declarou a mesma responsável.

"Se tudo correr bem na Colômbia", defendeu Alexandre Soares dos Santos em Outubro de 2012, um ano antes de sair da presidência do grupo, "e não precisa de correr tão bem como na Polónia, mas se me correr bem na Colômbia, depois vou abrir noutro país da América Central ou da América do Sul. América Latina, em geral", disse Soares dos Santos na SIC Notícias.

O grupo acabou por abrir três lojas Ara a 13 de Março de 2013, no Eixo Cafeeiro, associadas a um centro de distribuição "preparada para abastecer 200 lojas", com previsão de "30 a 40 lojas" nesse ano. Na Colômbia, avançou naquela data Pedro Soares dos Santos, então administrador-delegado da JM, "o modelo [de loja] nem é um Pingo Doce, nem é uma Biedronka". "Seremos colombianos na Colômbia", acrescentou.

cotacao O modelo [de loja] nem é um Pingo Doce nem uma Biedronka. Seremos colombianos na Colômbia." Pedro Soares dos Santos Administrador-delegado (à data), 13 de março de 2013

Hoje, a companhia prepara já a terceira região de expansão na Colômbia, para os arredores de Bogotá – depois de ter expandido para a Costa do Caribe em 2015. Fechou o ano de 2015 com 142 lojas Ara (10 no Eixo Cafeeiro e 41 na Costa do Caribe), com dois centros de distribuição e vendas de 122,5 milhões de euros.

No ano de 2016, a meta é abrir entre 70 e 100 novas lojas Ara, investindo 100 milhões de euros. No final do ano passado, empregava 1.700 pessoas naquele mercado.


JM entra na terceira região colombiana
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