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Venda do NB foi como "vender um cabaz de fruta que está parcialmente apodrecida"

O antigo governador do Banco de Portugal devia ter sido ouvido no início da comissão de inquérito ao Novo Banco, mas pediu um adiamento devido à situação pandémica.

O Banco de Portugal, liderado por         Carlos Costa, tem alertado para a menor restritividade no crédito pessoal.
Miguel Baltazar
17 de Maio de 2021 às 16:01
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Carlos Costa afirma que a venda do Novo Banco foi como "vender um cabaz de fruta que está parcialmente apodrecida". O antigo governador do Banco de Portugal está a responder aos deputados na comissão parlamentar de inquérito ao banco liderado por António Ramalho. 

"Não posso contar com a benevolência ou generosidade do comprador para que ele me pague toda a fruta como sendo de qualidade. A única coisa que tenho como comparação é ter em consideração o custo de não vender", que "era deixar apodrecer a fruta toda", disse Carlos Costa aos deputados, em resposta à deputada do CDS Cecília Meireles sobre o valor da venda do banco. 

A alternativa, disse, "era vender a fruta mais barata do que seria possível no mercado". 

"Se se fez aquilo que se devia fazer, que é constituir um processo de venda aberto, transparente e competitivo, ninguém pode dizer que não se fez o melhor para obter o melhor valor, numa situação em que temos um tempo-limite" e em que há "uma espada de Dâmocles, que é o risco de liquidação", referiu ainda o antigo governador, notando que uma liquidação podia custar entre 20 mil milhões a 22 mil milhões de euros nas contas do regulador. 

Quando questionado pela deputada sobre o facto de ter descrito o Novo Banco como um "cabaz de fruta que parcialmente está apodrecida", Carlos Costa disse terem insistido que "havia um cabaz de ativos não produtivos que tinham de ser alienados". 

Mas este cabaz, referiu, não era específico do Novo Banco. No total do sistema bancário, totalizava 50 mil milhões de euros. Mas enquanto as outras instituições financeiras foram "previdentes e em tempo recorreram à linha" de capitalização, aos acionistas e ao mercado, através de empréstimos subordinados, o Novo Banco "já não tinha essa possibilidade" dado o seu estatuto de banco de transição. 

"Trata-se de recuperar o máximo, porque o prejuízo causado não foi causado no momento da venda, foi causado entre 2000 e 2010, depois em 2011 e 2012, por operações de crédito ou operações de financiamento que eram desastrosas", notando que o "custo de agir foi incomparavelmente inferior ao custo de não agir".

O antigo governador do Banco de Portugal devia ter sido ouvido no início da comissão de inquérito ao Novo Banco, mas pediu um adiamento devido à situação pandémica. A audição acabou por ser marcada para esta segunda-feira. 

Em cima da mesa estará ainda o chamado relatório "Costa Pinto", um documento sobre a atuação do Banco de Portugal no caso BES que revelou que uma atuação "mais enérgica" do regulador teria evitado os problemas no banco liderado à data por Ricardo Salgado.

"A supervisão não atuou em tempo útil, com a energia que devia ter atuado", disse João Costa Pinto, que liderou a equipa que produziu o relatório, no Parlamento. 

(Notícia atualizada.)
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