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Tomás Correia prevê entrada de IPSS no Montepio sem desconto

O investimento de entidades da economia social na Caixa Económica Montepio Geral nunca vai superar os 2%. Nem os 48 milhões de euros. Mesmo assim, este valor não tem em conta as imparidades que a própria associação já reconheceu para este activo.

Sábado
Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 16 de Março de 2018 às 08:53

Os números que estão em cima da mesa para o investimento das instituições da economia social na Caixa Económica Montepio Geral não têm desconto face ao valor a que a instituição está registada no balanço da Montepio Geral – Associação Mutualista. Isto apesar de a associação reconhecer imparidades em relação àquele investimento.

 

Em entrevista à RTP 3 na quinta-feira à noite, António Tomás Correia, que preside à associação que é ainda a accionista única da mutualista, indicou que os valores de investimento no Montepio são entre 45 e 48 milhões de euros, o que disse representar, no máximo, a alienação de até 2% do capital. Foi também este o valor que o responsável da associação tinha transmitido, na segunda-feira passada, aos membros do conselho geral.

 

Ora, se 2% representam aquele montante, a totalidade da participação é tida com montantes avaliados entre 2,25 e 2,4 mil milhões de euros. É precisamente esse o valor bruto de investimento da caixa económica no balanço da mutualista: 2,4 mil milhões de euros, segundo o relatório e contas de 2017.

 

O que acontece é que a entidade liderada por Tomás Correia tem associada a este valor uma imparidade de 498 milhões de euros, o que baixa o valor líquido para menos de 1,9 mil milhões de euros (contas que a KPMG, na certificação legal das contas de 2017, considera não terem fundamentos claros).

 

Quer isto dizer que, partindo dos números do líder do Montepio, o investimento será tendo em conta o valor bruto e não o valor que a mutualista efectivamente reconhece como real à data para a caixa económica. 

"O valor líquido da participação no capital da Caixa Económica Montepio Geral totalizou 1 878 milhões de euros, em 31 de Dezembro de 2017, correspondente a um valor bruto de investimento de 2.376 milhões de euros, ao qual está associada uma imparidade constituída de 498 milhões de euros".   Relatório e contas de 2017 da Montepio Geral - Associação Mutualista

 

Novidades em Abril

 

À secretária de Tomás Correia já chegou a indicação de que "largas dezenas" de entidades da economia social têm interesse em participar na associação. "Estou convencido que dentro de duas a três semanas esse tiro de partida dá-se", disse na RTP3, atirando novidades para o investimento para o mês de Abril. Estarão sempre em causa investimentos simbólicos para a constituição do grupo financeiro da economia social de que Tomás Correia tem falado.

 

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estará nesse grupo, mas o montante de investimento será muito inferior ao que chegou a ser equacionado quando foi assinado o memorando de entendimento com a associação, em Junho do ano passado, altura em que estava em causa a possibilidade de aquisição de até 10% do capital. Aliás, o provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, chegou a dizer que qualquer entrada da misericórdia no capital da caixa económica seria feita com "desconto".

 

Neste caminho, também a gestão do banco está em mudança. Carlos Tavares, ex-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, já teve luz verde do Banco de Portugal para assumir o leme da instituição. "Vai ser presidente [da administração] e presidente executivo nos próximos seis meses", assumiu Tomás Correia na entrevista. Este é o período que o Banco de Portugal permite que sejam acumuladas as duas funções. 

 

 

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