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"O problema está resolvido", diz Tomás Correia sobre Montepio

O presidente da associação Montepio recusa que tenham existido resultados operacionais negativos. A culpa era das imparidades. Os resgates de montantes dos associados não preocupam Tomás Correia. E os créditos fiscais que deram lucros devem-se à lei, sublinha à RTP3.

Pedro Elias/Negócios
Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 16 de Março de 2018 às 09:14

"O problema está resolvido". António Tomás Correia deixou claro, em entrevista à RTP 3 esta quinta-feira 15 de Março, que não está preocupado com a situação da Montepio Geral – Associação Mutualista. "A realidade financeira é uma realidade positiva", disse.

 

Na segunda-feira, a associação Montepio anunciou lucros de 588 milhões de euros em 2017. Um número que existiu porque deixou de ser isenta em sede de IRC. Pagando imposto, passa a poder reconhecer activos por impostos diferidos, que beneficiam as contas no imediato. E deram 805 milhões de euros. Sem eles, o Montepio tinha perdas de 221 milhões de euros.

 

"Não há hoje nenhuma empresa em Portugal do sector financeiro, segurador, da indústria que não tenha esta componente do crédito fiscal", contrapôs Tomás Correia.

 

"Não pedimos isenção. A isenção resultou de um incumprimento de alíneas" que concedem a isenção em sede de IRC, argumentou Tomás Correia. Em causa está o facto de os interesses dos administradores estarem alinhados com os resultados da associação, o que, segundo o Código do IRC, não pode acontecer.

 

O responsável recusou ter existido qualquer intervenção do Governo, que tem também retirado quaisquer responsabilidades do tema. "Não negociei com nenhum ministro, não negociei com o Governo". Foi pedida uma informação vinculativa ao Fisco, para validar a interpretação da mutualista, o que aconteceu. 

 
Situação desdramatizada

A margem da actividade associativa do Montepio, que resulta da diferença entre as receitas obtidas com os associados e os custos, passou de 122 milhões de euros negativos para 374 milhões também negativos. Houve 711 milhões de receitas associativas, mas resgates e vencimentos superiores a mil milhões de euros. Em relação ao facto de os resultados operacionais da associação terem caído em 2017, apesar da subida dos lucros empolada pelos activos por impostos diferidos, Tomás Correia desvalorizou, na RTP 3. 

 

"Temos resgates todos os anos e vencimentos todos os anos", explicou-se o responsável na entrevista de quinta-feira. "Quando há notícias que classificamos de especulativas e falsas, é natural que haja uma certa desconfiança", frisou Tomás Correia. 

"Nos últimos anos, temos vindo a travar uma autêntica Batalha de Aljubarrota. Constantes notícias, muitas delas que não traduzem aquilo que se passa", acrescentou. 

 

A associação perdeu 7 mil associados, mas também aí não há motivos para preocupações para o presidente da mutualista: "Está muito ligado a produtos de cobertura de crédito à habitação". Como os clientes deixaram de ter crédito, deixaram de ter a protecção e, por isso, deixaram de ser associados. 

 

E em relação ao passado, também desvalorizou: "os resultados negativos [anteriores] foram por força das imparidades que a associação teve de reconhecer na caixa económica e noutras participadas".

Para o futuro, prevê a criação do grupo financeiro da economia social, com investimentos de entidades da economia social, e espera novidades nas próximas duas a três semanas. 


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