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"Tempo de arbítrio passou, agora vamos ter o tempo de justiça", diz Tomás Correia sobre condenação do BdP
O presidente da Associação Mutualista diz haver uma contradição entre as "coimas brutais" aplicadas e o facto de o Banco de Portugal não ter sido "capaz de inibir os visados" do exercício da profissão.
Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, diz haver uma contradição quando o Banco de Portugal decidiu multar o gestor em 1,25 milhões de euros. Isto porque aplicou "coimas brutais", mas "não foi capaz" de inibir os visados do exercício da profissão. Para o gestor, começou agora "o tempo de justiça".
"O tempo de arbítrio passou, agora vamos ter o tempo de justiça", afirmou Tomás Correia aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos.
O presidente da Associação Mutualista Montepio Geral reagia a uma questão colocada por Carlos Silva. O deputado do PSD relembrava a multa aplicada pelo Banco de Portugal por violação das regras internas do Montepio, depois de Tomás Correia ter afirmado durante a audição que quis sair da CGD, onde foi administrador até 2003, por não concordar com a política de crédito que estava a ser adotada.
"Veja a contradição das coimas brutais que aplicam" e o facto de "não serem capazes de inibir os visados – como é o meu caso – do exercício da profissão", continuou Tomás Correia, notando que "tentaram encontrar questões éticas e ficaram-se pelos procedimentos".
E continuou: "O Montepio resolveu todos os problemas ao longo desta crise sozinho. Não pediu um cêntimo aos contribuintes, nem para liquidez, nem para capital", salientando que o banco liderado por Dulce Mota "não tem lesados, preservou o emprego e não está de certeza absoluta nos grandes devedores que esta comissão está a analisar".
Apesar de reconhecer as dificuldades que o banco enfrentou durante a crise, garante que hoje o Montepio "está numa situação em que está bem capitalizado, bons níveis de liquidez e preparado para apoiar a economia".
Foi em fevereiro que Tomás Correia foi condenado pelo Banco de Portugal ao pagamento de 1,25 milhões de euros por irregularidades realizadas enquanto presidente da Caixa Económica (hoje Banco Montepio), entre 2008 e 2015. Uma decisão da qual vai recorrer. Já o banco foi condenado a pagar 2,5 milhões.
Outros sete administradores executivos das equipas de Tomás Correia – José Almeida Serra, Álvaro Dâmaso, Eduardo Farinha, Rui Amaral, Paulo Magalhães, Jorge Barros Luís e Pedro Ribeiro – foram também condenados mas as coimas são menores.