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SVB e Credit Suisse geraram "incerteza". Riscos à estabilidade financeira são "elevados", alerta o Banco de Portugal

A turbulência nos mercados financeiros internacionais é uma das seis vulnerabilidades que o supervisor vê para o sistema. Menor redução da dívida, incumprimento de famílias e empresas, arrefecimento do imobiliário e crédito no setor bancário também preocupam.

André Kosters/Lusa
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O contexto económico financeiro internacional faz com que os riscos para a estabilidade financeira se mantenham em níveis elevados. O alerta é feito pelo Banco de Portugal, que aponta para tensões geopolíticas, taxas de juro mais altas para combater as pressões inflacionistas, bem como "desafios acrescidos" no setor financeiro, com as falências de bancos regionais norte-americanos (com o SVB à cabeça) e o resgate do Credit Suisse.

"Muito embora estas perturbações estejam associadas a fragilidades idiossincráticas destes bancos, a incerteza prevalecente aconselha uma monitorização acrescida", refere o Banco de Portugal (BdP), no relatório de estabilidade financeira, divulgado esta quarta-feira.

Os acontecimentos de março no setor bancário dos EUA e da Suíça, repercutiram-se no aumento da volatilidade dos mercados financeiros internacionais e levaram a revisões em baixa das expetativas de subida das taxas de juro pelos bancos centrais. Por seu turno, as taxas de juro interbancárias e as expetativas para a sua evolução futura, tiveram uma retração.

"Face às recentes tensões nos mercados financeiros internacionais, o risco de uma reavaliação adicional dos preços dos ativos aumentou", avisa o BdP. "Além da tensão geopolítica, a incerteza sentida nos mercados financeiros relacionada com o setor bancário dos EUA e da Suíça aumentou consideravelmente a volatilidade e o 'stress' sistémico".
O principal risco é que hajam potenciais efeitos de contágio entre os ciclos financeiro e económico já que uma eventual aversão ao risco mais generalizada teria "impactos adversos" sobre os custos de financiamento, a valorização dos ativos e a atividade económica. Para já, os impactos fizeram-se sentir sobretudo nos mercados acionista e de dívida privada do setor financeiro.

Estes desenvolvimentos foram particularmente visíveis em instituições financeiras com modelos de negócio que as expõem a risco de taxa de juro e que podem, de acordo com o supervisor, também desencadear dificuldades do ponto de vista do risco de liquidez, "existindo o risco de contágio a instituições com modelos de negócio distintos".

Apesar do alerta, o banco central liderado por Mário Centeno defende que o setor bancário da Zona Euro é "resiliente", apresentando posições de capital e "liquidez fortes". Acrescenta que, em qualquer caso, o Banco Central Europeu (BCE) tem capacidade para apoiar a liquidez ao setor bancário da região, se necessário, e preservar a transmissão da política monetária.

A turbulência acrescida nos mercados financeiros internacionais é, contudo, apenas uma das seis vulnerabilidades que o Banco de Portugal vê para a estabilidade do sistema financeiro. Além desta, alerta para o risco de uma trajetória menos favorável para o rácio da dívida pública, o potencial incumprimento das famílias mais vulneráveis, o potencial incumprimento das empresas mais vulneráveis, o arrefecimento no mercado imobiliário residencial e a materialização dos riscos de mercado e de crédito no setor bancário.
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