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Sucursal de França da Caixa "é operação internacional a alienar"
A CGD está obrigada a desfazer-se da presença em território francês até 2020. Até agora, não está em curso nenhuma transacção. Macedo quer manter a operação. Os trabalhadores da sucursal pedem respostas.
Bruxelas quer que a sucursal francesa da Caixa Geral de Depósitos seja vendida. É um compromisso assumido no plano de reestruturação até 2020. Para já, nada está a acontecer; e o banco público não dá por fechado que a alienação tenha de acontecer.
Esta semana, a 23 de Maio, os trabalhadores da sucursal francesa da Caixa enviaram uma carta aberta a Paulo Macedo, presidente executivo do grupo público, a perguntar o que está previsto em relação àquela entidade.
"Prevê a administração a alienação total da sucursal ou a redução de actividade, designadamente através da alienação de balcões, carteira de clientes, encerramento de balcões ou supressão de actividades?", é uma das perguntas deixadas nessa missiva, depois de informações contraditórias chegadas a Paris sobre o destino daquela entidade.
Plano prevê venda
No plano de reestruturação que teve luz verde da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, a CGD compromete-se com a venda de várias áreas internacionais. A sucursal de França, o Banco Caixa Geral Espanha e o sul-africano Mercantile Bank surgem como "operações internacionais a alienar" na apresentação de resultados consolidados de 2016. Já o BNU Macau, o Banco Caixa Geral Angola, o BCI Moçambique e a sucursal de Timor são considerados "operações internacionais estratégicas".
Confrontados com as notícias que davam conta da intenção de venda de França, houve uma reunião das chefias da sucursal com a direcção-geral. Aí, segundo relata a carta aberta a Paulo Macedo, os directores terão transmitido que o administrador do grupo responsável por França, José João Guilherme, teria dito que as notícias não eram verídicas e que nada estava decidido. O administrador desmentiu assim notícias que tinham como base um documento oficial, publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Venda ainda não arrancou
Confrontado com as contradições entre o que foi escrito num documento oficial e o que foi desmentido aos trabalhadores, a assessoria de imprensa do banco público apenas diz. "Não está em curso qualquer operação de alienação da sucursal de França". Neste momento, não há nenhum processo a decorrer, mas o plano vai até 2020.
Certo é que, na administração da CGD, há uma vontade: a de, até esse ano, conseguir não vender a operação. Isso mesmo foi assumido por Paulo Macedo na terça-feira: "O que posso dizer é que gostaríamos de a manter". E o CEO da CGD tem argumentos nessa defesa: "É rentável e próxima dos emigrantes".
Em 2016, a sucursal francesa, que tem como enfoque a comunidade lusófona naquela economia, foi a segunda operação internacional que deu mais lucros à CGD. Foram 40,5 milhões de euros, apenas atrás do BNU Macau. Este número exclui um resultado não recorrente de 28,1 milhões, com que totaliza 68,6 milhões.