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Sucursal de França da Caixa "é operação internacional a alienar"

A CGD está obrigada a desfazer-se da presença em território francês até 2020. Até agora, não está em curso nenhuma transacção. Macedo quer manter a operação. Os trabalhadores da sucursal pedem respostas.

Miguel Baltazar

Bruxelas quer que a sucursal francesa da Caixa Geral de Depósitos seja vendida. É um compromisso assumido no plano de reestruturação até 2020. Para já, nada está a acontecer; e o banco público não dá por fechado que a alienação tenha de acontecer.

 

Esta semana, a 23 de Maio, os trabalhadores da sucursal francesa da Caixa enviaram uma carta aberta a Paulo Macedo, presidente executivo do grupo público, a perguntar o que está previsto em relação àquela entidade.

 

"Prevê a administração a alienação total da sucursal ou a redução de actividade, designadamente através da alienação de balcões, carteira de clientes, encerramento de balcões ou supressão de actividades?", é uma das perguntas deixadas nessa missiva, depois de informações contraditórias chegadas a Paris sobre o destino daquela entidade. 

Plano prevê venda 


No plano de reestruturação que teve luz verde da Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, a CGD compromete-se com a venda de várias áreas internacionais. A sucursal de França, o Banco Caixa Geral Espanha e o sul-africano Mercantile Bank surgem como "operações internacionais a alienar" na apresentação de resultados consolidados de 2016. Já o BNU Macau, o Banco Caixa Geral Angola, o BCI Moçambique e a sucursal de Timor são considerados "operações internacionais estratégicas".

 

Confrontados com as notícias que davam conta da intenção de venda de França, houve uma reunião das chefias da sucursal com a direcção-geral. Aí, segundo relata a carta aberta a Paulo Macedo, os directores terão transmitido que o administrador do grupo responsável por França, José João Guilherme, teria dito que as notícias não eram verídicas e que nada estava decidido. O administrador desmentiu assim notícias que tinham como base um documento oficial, publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Nesse documento, o compromisso é que, até 2020, a sucursal francesa deixe de pertencer à CGD. De qualquer forma, a equipa de Paulo Macedo não assume essa alienação como a mais importante. "Serão dadas prioridades às operações relativamente a África do Sul e Espanha", anunciou o presidente executivo Paulo Macedo a 10 de Março, na apresentação de resultados relativos a 2016.

 

Venda ainda não arrancou

 

Confrontado com as contradições entre o que foi escrito num documento oficial e o que foi desmentido aos trabalhadores, a assessoria de imprensa do banco público apenas diz. "Não está em curso qualquer operação de alienação da sucursal de França". Neste momento, não há nenhum processo a decorrer, mas o plano vai até 2020.

 

Certo é que, na administração da CGD, há uma vontade: a de, até esse ano, conseguir não vender a operação. Isso mesmo foi assumido por Paulo Macedo na terça-feira: "O que posso dizer é que gostaríamos de a manter". E o CEO da CGD tem argumentos nessa defesa: "É rentável e próxima dos emigrantes".

 

Em 2016, a sucursal francesa, que tem como enfoque a comunidade lusófona naquela economia, foi a segunda operação internacional que deu mais lucros à CGD. Foram 40,5 milhões de euros, apenas atrás do BNU Macau. Este número exclui um resultado não recorrente de 28,1 milhões, com que totaliza 68,6 milhões.

Esta entidade, que funciona em 48 agências, é uma sucursal e não um banco autónomo, representando 26% do crédito concedido nas operações internacionais e captando 13% dos depósitos recebidos pelo grupo CGD fora de Portugal.

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