Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Estado deverá anunciar ajuda financeira ao Banco Espírito Santo este fim-de-semana (act.)

O anúncio da recapitalização do banco com a ajuda do Estado vai ser feito no domingo à noite, revelou a SIC Notícias na sexta-feira à noite. O Banco de Portugal está em conversações com o Governo e Bruxelas para aprovar modelo e convencer a Comissão dos moldes desta ajuda. "Nacionalização" é uma palavra proibida, adianta o Expresso este sábado.

Negócios 01 de Agosto de 2014 às 22:30
  • 478
  • ...

O Estado vai entrar no capital do BES, avançaram esta sexta-feira à noite a SIC e a TVI. A estação de Queluz diz que fontes oficiais do Governo confirmam que o modelo encontrado para resolver rapidamente o problema do BES passa pela entrada de dinheiro público no banco. A estação de Carnaxide acrescenta ainda que a decisão vai ser comunicada já no próximo domingo à noite.

 

"A solução está a ser negociada pela nova administração do BES e pelo Banco de Portugal, em ligação com o Ministério das Finanças", refere a SIC, acrescentando que autoridades adiantaram já à estação que os depósitos estão completamente garantidos.

 

A entrada do Estado no capital do BES "deverá ser feita por duas vias: uma entrada directa através da subscrição de acções pelo Estado português e um empréstimo em regime de capital contingente. Este regime consiste em obrigações que serão convertíveis em acções se não forem pagas no final do prazo previsto", destaca a SIC.

 

"Esta solução mista é idêntica à que foi aplicada no Banif, em que o Estado subscreveu directamente 700 milhões de euros e emprestou mais 400 milhões em capital contingente", indica ainda a mesma estação.

 

Já a TVI apurou que "a solução vai passar por dois tipos de intervenção do Estado. Uma delas é pela entrada directa do capital - nacionalização parcial do banco, como aconteceu no Banif, qure ainda hoje tem o Estado como maior accionista". A outra intervenção do Estado será através de um empréstimo, que foi a segunda parte do plano para recapitalizar o Banif e que foi também a forma encontrada para reforçar a estrutura de capitais do BCP e do BPI, recorda a estação de Queluz.

 

"Este empréstimo será feito através da emissão de títulos de capital contigente. Contam para o cálculo dos capitais próprios, que no caso do BES se encontram muito degradados depois dos prejuízos históricos apresentados esta semana. Este tipo de obrigações vai obrigar o BES a pagar uma taxa de juro ao Estado que se pode aproximar dos 10% ao ano. Qualquer uma das opções obriga os accionistas do BES a reunirem em Assembleia Geral para aprovarem a proposta a apresentar pela administração", indica ainda a TVI.

 

O Expresso adianta na edição de sábado que o modelo que está a ser analisado passa, tal como o Negócios noticiou na sexta-feira, pela divisão entre os "activos tóxicos" dos restantes activos, dandos origem a um "bad bank" para onde seriam transferidos os activos problemáticos do BES, como os financiamentos às "holdings" de controlo do Grupo Espírito Santo que pediram a gestão controlada no Luxemburgo, no valor de 1.400 milhões.

 

O jornal do grupo Impresa salienta que "nacionalização" é uma palavra proibida no seio do Executivo e que estão a ser analisados modelos que garantam que os contribuintes não perderão dinheiro.

 

Aumento de capital através de privados só estaria pronto em Setembro

O Expresso adianta que a equipa da gestão do BES, liderada por Vítor Bento estava a trabalhar num aumento de capital através privados, mas a solução só deveria estar concluída em Setembro.

 

Contudo, o recente comportamento das acções do BES, que em dois duas afundaram mais de 60%, precipitou uma resposta mais célere.

 

O Banco de Portugal estará em contacto directo com Bruxelas que terá de aprovar as ajudas do Estado.

 

Governo tenta convenecr Bruxelas

 

Por apurar está ainda a dimensão total do aumento de capital, sendo que o Executivo estará a tentar convencer Bruxelas que a linha de recapitalização da banca, disponível desde a entrada da troika em Portugal, não terá de cumprir os requisitos actualmente em vigor e que definem que se o Estado entrar no capital de um banco os seus accionistas e detentores de dívida subordinada perdem tudo.

 

O argumento terá por base que o dinheiro da linha de recapitalização foi concedido a Portugal antes da entrada em vigor das novas regras e que poderá assim ser usado como no caso das outras instituições financeiras que recorreram à ajuda do Estado.

 

 

Na edição desta sexta-feira, o Negócios sublinhava o facto de o Banco de Portugal considerar "desejável" que o Banco Espírito Santo aumente o seu capital apenas com recurso ao mercado, mas acrescentava que o BdP estava já a trabalhar numa solução que juntasse a participação conjunta de fundos públicos e privados.

 

Finanças já acautelaram eventual uso da linha de recapitalização

Recorde-se que a ministra das Finanças já acautelou também a eventual necessidade de o banco precisar de utilizar parte dos 6.400 milhões de euros da linha da troika para capitalizar a banca.

 

Na semana passada, Maria Luís Albuquerque confirmou ao Banco Central Europeu a manutenção do mecanismo de apoio à solvabilidade dos bancos, designadamente das instituições que vão ficar sujeitas à supervisão do BCE, como acontece com o BES.

As Finanças estão ao corrente da solução de capitalização mista em que o BdP está a trabalhar. Mas deixam para o BES e para os seus accionistas a responsabilidade de requerer o eventual apoio público.

 

"Apesar de estar tudo preparado para accionar a ajuda estatal, há grandes fundos de "private equity", especializados no investimento em empresas que necessitam de processos de reestruturação, que já entraram no BES ou preparam-se para o fazer. Em causa estão algumas das maiores carteiras de gestão de activos do mundo, cujos representantes em Lisboa têm mantido contactos ao mais alto nível com o BdP e o Governo, além da equipa de Vítor Bento", salientava o Negócios na edição de sexta-feira.

 

Além da recapitalização, exclusivamente através do mercado ou resultante da conjugação de fundos públicos e privados, existe um plano B para lidar com os problemas do BES. Esta alternativa, com menor grau de viabilidade, prevê a utilização do Fundo de Resolução para financiar a reestruturação do banco imposta pelo Banco de Portugal, sabe o Negócios.

  

Acções em queda e suspensas pela CMVM

 

Recorde-se que o banco liderado por Vítor Bento continuou a afundar em bolsa na sessão desta sexta-feira. Chegou a cair perto de 50%, tal como ontem, e atingiu um mínimo histórico de 10,1 cêntimos.

 

Estas quedas sucederam-se à apresentação de resultados do BES, na quarta-feira, que reportou um prejuízo semestral de 3.577 milhões de euros e imparidades superiores a 4.000 milhões.

 

Pelas 15h45, a CMVM suspendeu a negociação em bolsa das acções do BES, quando estavam a valer 12 cêntimos,  dizendo que aguardava a divulgação de informação relevante.

 

O Negócios sabe que o regulador do mercado de capitais está à espera da divulgação do plano de recapitalização do banco. Hoje, o valor do BES em bolsa caiu para 675 milhões de euros, sendo o banco com a capitalização bolsista mais baixa do PSI-20.

 

(Notícia actualizada, pela última vez, no dia 2 de Agosto com mais informação)

Ver comentários
Saber mais Vítor Bento Fundo de Resolução bad bank Grupo Espírito Santo CMVM Maria Luís Albuquerque Banco Central Europeu Banco Espírito Santo
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio