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Santos Pereira: Dificuldades da Caixa devem-se "a negócios menos claros" antes da crise

O antigo ministro Álvaro Santos Pereira defendeu esta segunda-feira que "a política saia da Caixa Geral de Depósitos (CGD)", considerando que a cumplicidade entre o poder político e os grupos económicos causou muitos dos problemas do banco público.

28 de Novembro de 2016 às 14:38
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"Mais do que esta circunstância, do que se está a passar no curto prazo, o mais importante para mim é que a política saia da Caixa. A Caixa está nas dificuldades em que está actualmente graças aos negócios menos claros que foram feitos nos últimos anos, nos anos antes da crise", defendeu Álvaro Santos Pereira, em entrevista à agência Lusa, a propósito da divulgação das previsões económicas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

 

No relatório divulgado hoje, que foi preparado pelo departamento de Estudos Económicos, liderado por Álvaro Santos Pereira, a OCDE mostrou-se preocupada com a fragilidade da banca portuguesa, que continua altamente endividada, considerando que uma resolução mais rápida do crédito malparado e uma "recapitalização mais forte dos bancos poderia restaurar a confiança no sector".

 

Questionado sobre se o adiar da recapitalização da CGD para o próximo ano pode prejudicar o banco e o sector, ex-ministro da Economia (entre 2011 e 2013, no Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho) disse que ainda é cedo para saber os impactos e defendeu que "o mais importante é despolitizar a Caixa".

 

"É preciso tirar os políticos da Caixa. É preciso fazer com que a própria administração da Caixa seja cada vez mais da própria Caixa, dos funcionários da Caixa. Acho que houve uma atenção nos últimos tempos para que isso aconteça, mas é importante, nos próximos tempos, continuar a tirar a política da Caixa", afirmou Álvaro Santos Pereira, numa entrevista por telefone a partir de Paris, onde a OCDE está sediada.

 

Para o antigo ministro, "grande parte dos problemas dos bancos, não só na CGD, aconteceu graças às 'relações de amizade' que existiam entre o poder político e vários grupos económicos em Portugal, muitos deles dos sectores protegidos".

 

"E foi essa relação de cumplicidade que levou a um endividamento demasiado elevado do sector privado, a um endividamento do sector público e também a fenómenos de corrupção no nosso país. É importante que isso não aconteça mais no futuro", defendeu.

 

Nesse sentido, Álvaro Santos Pereira sublinhou que "é preciso acabar com essa cumplicidade que existe entre poder político e grupos económicos", concluindo que "um banco público deve estar ao serviço da economia, dos portugueses. Não tem de estar ao serviço de alguns, para os contribuintes pagarem. Isso tem de acabar".

 

(Notícia actualizada com alteração do título para especificar que os "negócios menos claros" foram feitos antes da crise)

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