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Salgado recusa ser responsabilizado pelos prejuízos do Novo Banco

"É tempo de o senhor governador do Banco de Portugal assumir as responsabilidades pelos seus actos", atira a defesa de Ricardo Salgado, que diz que os clientes tinham mais confiança no BES do que no Novo Banco.

25 de Fevereiro de 2016 às 13:06
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A defesa de Ricardo Salgado contesta a ideia de que os resultados do Novo Banco tenham sido prejudicado pelo legado do Banco Espírito Santo, como argumenta Eduardo Stock da Cunha. 

 

"Como é evidente, passado mais de um ano e meio da resolução, o Dr. Ricardo Salgado não pode ser responsabilizado pela gestão do Novo Banco e muito menos pelas consequências da decisão de resolução, que sempre denunciou como um erro", indica um comunicado enviado às redacções esta quinta-feira, 25 de Fevereiro.

No comunicado, é defendido que "é tempo de o senhor governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade pelos seus actos". Nas comunicações que tem feito sobre o tema, isto é, nas audições na comissão de inquérito ao BES, Ricardo Salgado tem sempre criticado a decisão de Carlos Costa, que definiu a aplicação da medida de resolução ao BES.

 

Esta é a posição da defesa de Ricardo Salgado um dia depois de divulgados os resultados do Novo Banco, que se cifraram em prejuízos de 980,6 milhões de euros. Eduardo Stock da Cunha explicou que 592 milhões de euros deste montante se deveram a provisões constituídas para cobrir os 50 maiores créditos concedidos a grandes clientes. Outra parte foi a anulação de juros contabilizados indevidamente que tiveram de ser anulados, num total de 172 milhões de euros. Ou seja, segundo a gestão actual da instituição financeira, o legado do BES foi responsável por 78% dos prejuízos em 2015. O Novo Banco foi constituído a 3 de Agosto de 2014, no âmbito de um processo de resolução (que implica perdas a accionistas e detentores de dívida subordinada) como o banco com os activos considerados saudáveis do Banco Espírito Santo. Mas os lucros deste banco só devem chegar em 2018. 

 
Clientes confiavam "mais" no BES

Para Salgado, os números divulgados esta quarta-feira, com o a queda de 24% dos depósitos face a 30 de Junho de 2014, e a descida de 33% dos créditos em relação à mesma data, mostram "que os clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco".

O comunicado relembra que o BES foi obrigado a constituir várias provisões no início de 2014, determinadas pelo Banco de Portugal e certificadas pela KPMG. Ou seja, Ricardo Salgado dá a entender que as autoridades e entidades certificadas já tinham provisionado os verdadeiros problemas do banco. 

Além disto, a defesa do ex-banqueiro argumenta que o Banco de Portugal pôs em causa "a confiança no Novo Banco junto de investidores institucionais de grande relevância a nível internacional" devido à transferência de cinco séries de obrigações de dívida sénior para o BES "mau", para reforçar a solidez da instituição financeira. 

Atacando as responsabilidades do Banco de Portugal, o comunicado defende que Ricardo Salgado "não fugirá às suas responsabilidades pela gestão do banco que reconhecidamente liderou o apoio às empresas e ao Estado português".

 

O antigo banqueiro, que liderou o BES por 22 anos, está a ser investigado pela sua gestão no BES e no Grupo Espírito Santo, estando sujeito a medidas de coacção como a proibição de contacto com outros arguidos no processo, também antigos administradores. Ricardo Salgado é arguido no inquérito Universo Espírito Santo mas também no caso Monte Branco.

 

(Notícia actualizada às 13:25 com mais informações)

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