Pedro Queiroz Pereira demorou meio ano até escrever a carta de denúncias do Grupo Espírito Santo ao Banco de Portugal. Pelo meio, foi tendo contactos com vários membros da família Espírito Santo. Principalmente, José Maria Ricciardi.

"A pessoa que mais contactava era José Maria Ricciardi, que vivia em pânico. A quem me queixava com mais veemência era José Maria Ricciardi, que entendia que o grupo estava a ir para o abismo", comentou Queiroz Pereira na audição parlamentar desta quarta-feira, 10 de Dezembro, da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES.

Ricciardi é primo de Ricardo Salgado que estava à frente do BES Investimento mas que pretendia substituir Salgado à frente do BES, por discordar da "governance".

Mas este não era o único interlocutor. "Também [falava com] Ricardo Abecassis Espírito Santo. Devo ter falado alguma coisa com Manuel Fernando Espírito Santo", confidenciou.

"Sou muito amigo deles todos", contou aos deputados.

A família Queiroz Pereira e a família Espírito Santo foram aliadas ao longo do último século, sendo que Salgado e Pedro Queiroz Pereira entraram em ruptura no final de 2013 com o segundo a fazer denúncias ao Banco de Portugal sobre problemas detectados no Grupo Espírito Santo. 

Salgado acusou, na sua audição, que alguém quis destruir o BES. Ricciardi defendeu que quando teve conhecimento de problemas no grupo os denunciou. Queiroz Pereira disse que o presidente do BESI sabia das suas dúvidas nos seis meses em que esteve para escrever a carta ao Banco de Portugal: ou seja, desde, pelo menos, o Verão de 2013.