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Portugal perde na banca o equivalente à ajuda da UE à Ucrânia

11,8 mil milhões de euros. É este o saldo líquido, negativo, do dinheiro colocado pelo Estado português na banca, segundo o Tribunal de Contas.

22 de Dezembro de 2015 às 21:38
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Entre 2008 e 2014, saíram dos cofres do Estado, com direcção aos bancos portugueses, mais de 17,6 mil milhões de euros. No mesmo período, apenas 5,8 mil milhões de euros fizeram o caminho inverso. Saiu 8% do produto interno bruto e apenas foi devolvido o equivalente a 3,3% do PIB. O saldo era, no final do ano passado, negativo para o Estado em 11,8 mil milhões de euros.

 

É difícil quantificar valores tão altos mas o saldo negativo é equivalente à ajuda que toda a União Europeia acordou dar à Ucrânia em Março de 2014, no auge da tensão entre o país e a Rússia.

 

O número é do Tribunal de Contas e consta do parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2014. É o resultado da diferença entre as despesas do Estado na banca e as receitas obtidas.

 

O maior responsável pelo valor é o Novo Banco, com um fluxo líquido negativo de 4,7 milhões de euros (a injecção de 4,9 mil milhões de euros é compensada pela rubrica de garantias estatais – pelas quais os bancos que delas beneficiam têm taxas a pagar). O saldo é de 4,7 mil milhões mas a despesa do Estado mantém-se em 4,9 mil milhões de euros.

 

Segue-se a Caixa Geral de Depósitos, com um saldo negativo de 3,2 milhões para o Estado, e o BPN, cujo resultado líquido se cifra em 2,8 mil milhões de euros negativos. 

 

O agora intervencionado Banif, no final de 2014, representava perdas de 735 milhões de euros para as contas do Estado (diferença entre os 825 milhões de euros que tinha por pagar ao Estado da ajuda recebida dois anos antes e as receitas de 90 milhões de euros, obtidos, por exemplo, com juros pagos pelo auxílio). Em 2015, o valor será superior, já que o dinheiro estatal a mobilizar na intervenção decidida a 20 de Dezembro envolve 3.001 milhões de euros além dos 825 milhões por devolver. 

 

O BPP também entra na lista de bancos ajudados pelo Estado, graças à garantia estatal concedida, somando o Estado perdas de 653 milhões de euros.

 

O BCP – que recebeu uma ajuda estatal de 3 mil milhões de euros em 2012 e já devolveu 2,25 mil milhões de euros – já pagou ao Estado mais do que recebeu, sobretudo devido aos juros cobrados pelo auxílio estatal. Até porque ainda tem 750 milhões por pagar. O BPI, que já reembolsou todos os 1,5 mil milhões de euros recebidos, também pagou os juros respectivos, o que traz um saldo positivo para o Estado de 167,5 milhões de euros. São as únicas excepções. 

2014 parcialmente compensado por BCP e BPI

 

Situando apenas em 2014, o saldo negativo para o Estado foi de 1,8 mil milhões de euros. Segundo o parecer do Tribunal de Contas, a conta é penalizada pela referida colocação de 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco, que é parcialmente compensada pelas devoluções das ajudas do BCP e do BPI. 


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