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PCP pergunta a Gaspar o "muito" que tinha a dizer sobre a dívida do BES

Os comunistas querem que Vítor Gaspar revele ao Parlamento aquilo que disse aos banqueiros em 2013.

Miguel Baltazar/Negócios
09 de Fevereiro de 2015 às 17:19
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O Partido Comunista Português quer perguntar a Vítor Gaspar o que queria o ex-ministro transmitir quando afirmou, em 2013, que, sobre a dívida do Banco Espírito Santo, "tinha muito a dizer". Essa é uma das respostas que espera ler da parte do ex-ministro das Finanças na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. 

 

"Que significado teve o que transmitiu ao Dr. Amílcar Pires enquanto administrador do BES e a mais 14 banqueiros responsáveis de Bancos, na reunião de Junho 2013 com a Associação Portuguesa de Bancos (reunião onde esteve também o então ministro da Economia Álvaro Santos Pereira) com a seguinte afirmação: ‘Se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer’ conforme é descrito no do Livro ‘O Último Banqueiro’ [das jornalistas do Negócios Maria João Gago e Maria João Babo]", questiona o grupo parlamentar que, no inquérito parlamentar, é liderado por Miguel Tiago. 

 

O PCP também quer saber que conhecimentos tinha o ex-ministro das Finanças sobre o banco, nomeadamente que troca de impressões poderá ter tido com o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários em torno do BES enquanto exercia aquelas funções entre 2011 e 2013. 

 

Os partidos escreveram várias questões aos seis depoentes que optaram por responder por escrito (os residentes no estrangeiro têm essa possibilidade), que agora têm de ser consensualizadas entre todas as forças políticas. Além de Vítor Gaspar, serão contactados por escrito Vítor Constâncio, Carlos Moedas, Olli Rehn, Bruno Laage de Meux e Alexandre Italianer. O construtor civil José Guilherme, que ofereceu 14 milhões a Ricardo Salgado, é também uma opção, tendo em conta que está a ser difícil trazê-lo à comissão parlamentar de inquérito. Cavaco Silva não será questionado por recusa da maioria PSD e CDS. 

 

A Constâncio, o PCP coloca perguntas sobre aspectos passados na primeira década do século XXI, nomeadamente notícias de 2005 em torno de contas fantasmas de Pinochet no BES Miami e no BES Cayman às quais o banco português terá dificultado o acesso ao Senado norte-americano, tendo em conta que era ele o presidente do Banco de Portugal naquela altura. Já enquanto vice-presidente do Banco Central Europeu, as dúvidas dos comunistas passam pelo facto de a troika, da qual o BCE faz parte, nunca ter "encontrado o enorme buraco nas contas do BES" antes da derrocada.

 

Carlos Moedas é questionado sobre o facto de ter sido referido como alguém que podia ajudar o Grupo Espírito Santo a sobreviver. A Olli Rehn, que era comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, o PCP lança uma pergunta sobre aspectos mais formais: "como explica que a Comissão Europeia não colabore com a comissão parlamentar? Considera normal que a Comissão Europeia tenha dificuldade em pôr em contacto esta comissão com o seu ex-colega Joaquín Almunia?" Como já escreveu o Negócios, a comissão não conseguiu que Bruxelas a direccionasse para um contacto de Almunia.

 

"Como é possível um parceiro histórico e institucional do GES, com administrador no BES, poder ignorar as 'montagens e engenharias financeiras' e ocultação de prejuízos" é um dos exemplos de interrogações a que Laage de Meux, do Crédit Agricole (parceiro histórico do banco até 2014), terá de responder.

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