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Novo Banco: “Quando a taxa de esforço sobe para 50%, devemos falar com o cliente”

O CEO do Novo Banco considera que as novas regras de proteção dos titulares de crédito à habitação sistematizam práticas bancárias normais e promete agilizá-las rapidamente. Lucro da instituição disparou 178% para quase 430 milhões de euros.

Mark Bourke sucedeu a António Ramalho na presidência executiva do Novo Banco em agosto passado.
Mark Bourke sucedeu a António Ramalho na presidência executiva do Novo Banco em agosto passado. Pedro Catarino
07 de Novembro de 2022 às 22:05
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O CEO do Novo Banco considera que a nova lei para proteger os titulares de crédito à habitação não faz mais do que sistematizar práticas bancárias normais.

Numa conferência com analistas, Mark Bourke afirmou que ainda está a analisar os efeitos das novas regras que obrigam os bancos a aceitarem renegociações de contratos de crédito à habitação cujos titulares vejam a taxa de esforço ultrapassar 36% dos rendimentos. “A primeira coisa é operacionalizar o mais rápido possível e garantirmos que vamos disponibilizar isso aos nossos clientes, como fizemos com as moratórias”, afirmou.

O presidente executivo entende, no entanto, que a lei não traz, no fundamental, novas obrigações à instituição. “É a codificação de uma prática que os bancos efetivamente já devem ter”, disse. “Em circunstâncias normais, quando as taxas de esforço crescem da casa dos 30% para a dos 50%, já devemos ter discussões com o cliente”, explicou, acrescentando que vê a regra “literalmente como uma codificação do que deveria ser uma prática normal”. Bourke garantiu que o banco vai cumprir a legislação.

Créditos a taxa fixa

Com as taxas a subirem, o CEO indicou que tem “consciência de que a procura potencial para produtos de taxa fixa” pode crescer, e por isso o Novo Banco vai, “nos próximos dias, lançar no mercado dois produtos de taxa fixa com prazos de três a cinco anos”. “Isso”, explicou, “vai igualar as ofertas da concorrência”, permitindo à instituição “regressar gradualmente à nossa quota de mercado, mas sem sacrificar a margem ou a qualidade do risco”.

No final dos primeiros nove meses do ano, o Novo Banco atingiu a meta de 5% no rácio do crédito malparado (habitualmente designado pela expressão inglesa “non-performing loans” ou pela respetiva sigla NPL). No final de setembro de 2022, a instituição financeira contabilizava um total de 1,6 mil milhões de euros em empréstimos em situação difícil, um valor que fica 27% abaixo do verificado em setembro de 2021, quando totalizou 2,2 mil milhões de euros. Deste conjunto, a vasta maioria (1,3 mil milhões) era de crédito a empresas. O crédito à habitação representava 100 milhões de euros e o crédito ao consumo valia 200 milhões. A cobertura dos NPL atingiu 77%.

Banco vai lançar novas metas

Mark Bourke sublinhou que a instituição atingiu a maioria das metas a que se propôs em 2021: no final de setembro, o volume da carteira de crédito cresceu e o custo do risco estava nos 20 pontos-base (abaixo dos 61 pontos registados há um ano e do limite autoimposto de 50 pontos). O rácio de NPL está nos 5% pretendidos, e o rácio de capital “Common Equity Tier 1” (CET1) é de 12,7%, também melhor do que os 12% estabelecidos como mínimo.

Mark Bourke avança que depois de ter atingido estas metas, o banco deverá em 2023 tornar as fasquias mais exigentes: “No próximo ano, quanto apresentarmos os resultados [de 2022], vamos provavelmente lançar novas metas”, afirmou.

Lucro cresce quase 180%

Nos primeiros nove meses do ano, o resultado líquido do banco liderado por Mark Bourke disparou para 428,3 milhões de euros, num crescimento de 178% face aos 154,1 milhões de euros registados em setembro de 2021.

O resultado antes de impostos mais do que duplicou: passou de 207,6 milhões de euros em setembro de 2021 para 514,3 milhões no final do terceiro trimestre deste ano.

A margem financeira atingiu 405,9 milhões de euros (1,29%), caindo 5,6% face ao valor verificado há um ano. O produto bancário foi 851,1 milhões (subiu 26,5%).

As comissões renderam 215,7 milhões (mais 3,8% do que no período homólogo), com “sólido desempenho na gestão de meios de pagamento, dado o perfil da atividade económica e a revisão do preçário”.

Os gastos operacionais cresceram 2,8%, refletindo a redução dos custos com pessoal e o aumento dos gastos gerais e administrativos. No final de setembro o grupo tinha 4.139 colaboradores, menos 223 do que um ano antes e menos 54 do que no final de 2021. Os respetivos custos também caíram: foram de 169,8 milhões de euros, menos 5,7 milhões do que um ano antes.

Os gastos gerais e administrativos cresceram 9,7 milhões de euros, atingindo 115 milhões. As amortizações subiram 4,5 milhões, para 29,4 milhões de euros, numa evolução “alinhada com o continuado investimento na transformação, otimização e simplificação da organização e dos seus processos em função do seu programa estratégico”, lê-se no comunicado.

No final de setembro passado a instituição financeira tinha 300 balcões, menos 34 do que um ano antes. Em 2022, fechou 11 agências. O crédito a clientes aumentou em todos os segmentos para 25,8 mil milhões de euros, ficando 3,7% acima do valor obtido no final de 2021.

Os recursos totais de clientes cresceram 3,0% face ao final do ano passado, com os depósitos a cresceram 4,6% para 1,3 mil milhões de euros.

A contribuição sobre o setor bancário custou 34,1 milhões de euros, valor semelhante ao do período homólogo. Os ativos por impostos diferidos cresceram de 741 milhões de euros para 836 milhões. O banco chegou ao final dos primeiros nove meses com 4 milhões de euros em provisões para fazer face a dívida de empresas russas.

A instituição que sucedeu ao Banco Espírito Santo (BES) repete o valor que considera estar ainda disponível ao abrigo do mecanismo de capital contingente: são 485 milhões de euros que pode exigir ao Fundo de Resolução.

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