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Novo Banco diz que venda de seguradora com desconto de 70% teve "ok" do regulador e Fundo de Resolução

O "preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução, em que o comprador obteve idoneidade por parte da ASF", refere o Novo Banco.

António Ramalho, presidente do Novo Banco, vai voltar ao Parlamento para explicar vendas de malparado e imóveis.
Tiago Sousa Dias
10 de Agosto de 2020 às 09:05
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O Novo Banco reagiu hoje à manchete do Público sobre a venda da seguradora com um desconto de 70%, assinalando que a operação foi aprovada pelo regulador e pelo Fundo de Resolução e que visou cumprir o "compromisso do Acordo Portugal/Comissão Europeia que obrigava a venda até 2019".

Numa nota enviada à imprensa esta manhã, a instituição financeira liderada por António Ramalho refere que "o preço final da transação foi o melhor e resultou de um processo organizado de venda, competitivo e transparente, com o acordo do Fundo de Resolução, em que o comprador obteve idoneidade por parte da ASF".

O jornal Público noticia esta segunda-feira que o Novo Banco vendeu em outubro uma seguradora com desconto de quase 70% a fundos geridos pela Apax, operação que gerou uma perda de 268,2 milhões e foi compensada com verba do Fundo de Resolução.

O Novo Banco diz que o valor de venda da GNB – Companhia de Seguros de Vida, conhecida por Gama Life, "ascendeu a um preço fixo inicial de 123 milhões de euros acrescido de uma componente variável de até 125 milhões de euros indexada a objetivos de distribuição constantes do contrato entre o NOVO BANCO e a GNB Vida para distribuição de produtos de seguros vida em Portugal por um período de 20 anos".

Segundo o jornal Público, "não é apenas a variação acentuada de valores a suscitar controvérsia, são os sinais de que as autoridades nacionais e europeias desvalorizaram os indícios de ligação do comprador da Gama Life ao magnata do setor segurador Greg Lindberg, condenado já este ano pela Justiça norte-americana por corrupção e fraude fiscal".

O Novo Banco assinala que "a campanha continuada do ‘Publico’ será analisada juridicamente pelo Novo Banco".

Segundo o jornal, a venda da Gama Life à GBIG Portugal está na origem de uma queixa, apresentada a 13 de janeiro deste ano, junto da Autoridade Europeia de Mercados e Títulos (regulador europeu) e que é subscrita por quem tem envolvimento e interesse direto no Novo Banco.

No documento da queixa, a que o jornal teve acesso, é pedido que o regulador europeu (ESMA) "investigue os contornos da alienação da seguradora vida portuguesa (que gere as poupanças de milhares de clientes do Novo Banco) a investidores de fundos geridos pela Apax, admitindo um possível conluio' entre Paulo Ramos Vasconcelos e a administração do Novo Banco, chefiada por Byron Haynes e António Ramalho, com o objetivo de lesar os contribuintes portugueses".

Paulo Ramos Vasconcelos foi o presidente executivo (CEO) da então designada GNB Vida entre 03 de agosto de 2014 (dia da resolução do BES) e 14 de Outubro de 2019, data da sua venda aos investidores norte-americanos, explica o jornal.

A queixa destaca a discrepância entre números: "a 14 de outubro de 2019, a totalidade do capital da Gama Life foi vendida por 123 milhões de euros, quando o valor contabilístico da empresa, conforme inscrito no relatório do primeiro semestre de 2019, era de 391,2 milhões de euros, um cálculo já ajustado às reavaliações do ativo que, na altura, cumpria os rácios de capital e de solidez".

Esta polémica surge depois de, no mês passado, o jornal Público ter igualmente denunciado a venda de imóveis com prejuízo a um fundo anónimo.

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