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Negociações para criar quarto maior banco europeu ganham força
As administrações do Deutsche Bank e do Commerzbank deverão reunir-se este domingo separadamente para aprovar o início formal das negociações, depois de o Governo alemão ter admitido despedimentos, avança a Bloomberg. Anúncio poderá ser feito em breve.
É um cenário de que se fala há vários anos, mas nunca esteve tão perto de vir a ganhar forma. As negociações para a fusão entre o Deutsche Bank e o Commerzabank, que criará o maior banco europeu em valor de ativos, deverão ser aprovadas hoje, avança a Bloomberg.
Segundo a agência, que cita fontes próximas do processo, as administrações das duas instituições financeiras têm agendadas reuniões separadas para hoje para aprovar o início das negociações, depois de o Governo ter sinalizado que permitirá um corte nos postos de trabalho, essencial para viabilizar a operação.
As mesmas fontes disseram à Bloomberg que a decisão do arranque das conversações não estava tomada e que estas poderão terminar sem um acordo. Os dois bancos e ministério das Finanças alemão recusaram comentar esta informação.
A verdade é que a pressão para um entendimento nunca foi tão forte. O Deustche Bank atravessa uma grave crise, que levou o valor das ações a cair em dezembro para o valor mais baixo de sempre, abaixo dos 7 euros, depois de conhecida uma investigação à unidade de gestão de fortunas do banco. Recorde-se que cada título chegou a valer mais de 100 euros em 2007.
Em dificuldades está também o Commerzbank, cujo valor é também uma sombra do que chegou a ser em 2007. Na sexta-feira o seu valor de mercado era de 8,9 mil milhões de euros, o que compara com os 16,2 mil milhões do banco com que se poderá fundir.
Fusão falhou em 2016
Não é a primeira vez que as duas instituições conversam sobre uma possível consolidação. Em 2016 também existiram negociações, que chegaram a envolver os CEO, mas acabaram por terminar sem acordo, levando os bancos a optar por uma reestruturação da sua atividade.
Passos que não foram suficientes para operar uma reviravolta no negócio. A Bloomberg escreve que o Commerzbank deixou cair a maioria dos objetivos anunciados até 2020, depois de cortar a perspetiva de resultados. Dentro do Deutsche Bank crescem os receios de que a instituição liderada por Christian Sewing seja forçada a fazer o mesmo.
O Deutsche Bank está ainda pressionado por custos de financiamento mais elevados e a possibilidade de um corte do "rating". A união com o Commerzbank, que tem uma forte base de depósitos, é encarada como uma forma de reduzir aqueles custos.
Por outro lado, o facto de o BCE ter estendido o horizonte para a primeira subida das taxas de juro, mantendo-as em níveis historicamente baixos, coloca pressão acrescida na rentabilidade das duas instituições já que penaliza a sua margem financeira.