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Nacionalização do Monte de Paschi cada vez mais inevitável

O resgate do banco italiano pode ser decidido já esta quinta-feira. As acções continuam a afundar em bolsa.

Reuters
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O resgate do Banca Monte dei Paschi é um cenário cada vez mais provável, pois no último dia para o banco italiano cumprir uma das etapas do aumento de capital, a operação parece condenada ao fracasso.

 

A agência Bloomberg titula que o Monte de Paschi caminha para a nacionalização depois do falhanço do aumento de capital. O Financial Times garante que Itália vai resgatar aquele que é o banco mais antigo do mundo.

 

A imprensa internacional cita fontes conhecedoras do processo, que dão conta que o banco não está a conseguir atrair investidores para o aumento de capital de 5 mil milhões de euros que tem de cumprir até ao final do ano.

 

Na quarta-feira o Monte de Paschi já tinha alertado que a operação de troca de dívida por acções, que decorre até esta quinta-feira, não estava a atrair o interesse desejado. Num comunicado emitido ao final do dia, o banco italiano anunciou que recebeu manifestações de interesse no valor de 2,45 mil milhões de euros na operação de troca de dívida por acções e que não tinha ainda conseguido atrair o interesse de um investidor de referência para a emissão de acções, que é fundamental para a recapitalização total de 5 mil milhões de euros.

 

Fontes contactadas pela Bloomberg adiantam que estes valores da troca de dívida serão insuficientes para poder avançar o plano global de recapitalização, condenando o banco a uma operação de nacionalização, que a concretizar-se será a maior em Itália em várias décadas.

 

No que diz respeito à emissão de acções, muitos investidores só aceitam participar se surgir um player de referência, o que parece cada vez mais difícil depois do fundo soberano do Qatar ter recusado assumir um compromisso.

 

As acções do banco reflectem este stress relacionado com a possibilidade de resgate. Depois de um arranque de sessão em que chegaram a estar suspensas, as acções afundaram 9,75% para um novo mínimo histórico nos 14,71 euros, estando agora a recuar 3,5%. No acumulado do ano as acções afundam 87%, mas o banco apresenta ainda uma capitalização bolsista de 460 milhões de euros.

 

Uma intervenção estatal, com perdas para os obrigacionistas, é o cenário mais provável para o Paschi, refere esta manhã a analista Manuela Moroni, do Intesa Sanpaolo, acrescentando que a solução "poderá contribuir para reduzir o risco sistémico do sector financeiro". As acções dos restantes bancos italianos estão em alta esta quinta-feira, liderando mesmo os ganhos na Europa.

 

Mais resgates a caminho?

 

Uma intervenção estatal forçará perdas nos detentores de obrigações do banco italiano, embora a solução que estará a ser desenhada pelo Governo italiano tente limitar os danos. De acordo com o La Stampa, o Executivo agora liderado por  Gentiloni deverá reunir na noite de hoje para fechar o resgate do banco.

 

Numa comunicação publicada no início da sessão de ontem, o banco avisou que poderá ficar sem liquidez mais rápido do que era previsto. Depois de ter dito na semana passada que a sua posição de liquidez de 10,6 mil milhões de euros deveria durar 11 meses, a instituição alertou agora que o prazo deverá ser mais curto, de apenas quatro meses.

 

Além do Monte dei Paschi, há uma série de outros bancos mais pequenos apontados como os próximos na lista da intervenção do Estado: o Veneto Banca, o Popolare Vicenza, o Cassa di Cesena, Cassa di Rimini e Cassa di San Miniato, segundo o italiano Il Messaggero.

 

A Bloomberg adianta também que na fila de espera do resgate estão instituições como o Veneto Banca e o Popolare Vicenza, sendo que para tal já podem contar com uma linha de 20 mil milhões de euros aprovada pelo parlamento italiano para socorrer o sector financeiro.

 

Contudo, de acordo com as estimativas do Goldman Sachs, a banca italiana necessita de 38 mil milhões de euros para reforçar os capitais para níveis adequados.

 

No parlamento, o ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, afirmou quarta-feira que a recapitalização apoiada pelo Governo estará condicionada à disposição dos bancos de adoptar planos de reestruturação que lhes permitam "andar pelas suas próprias pernas, ser rentáveis e financiar a economia".

 

Padoan insistiu que, tirando algumas situações "críticas", o sistema bancário de Itália é "sólido e saudável". O ministro prometeu ainda "minimizar, se não mesmo anular" qualquer impacto da intervenção pública nas poupanças dos cidadãos comuns.

  

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